As sinaleiras de direção, o popular pisca-pisca, para a maioria dos motoristas não passa de mero enfeite do carro. Paralelo ao costume de não usar o que deve ser usado, adquiriu-se por aí o hábito de se usar o que não deve ser usado: o pisca-alerta, que é acionado nas mais esdrúxulas situações, inclusive, para convergir à esquerda ou direita, quando bastaria o uso do pisca-pisca. Uma confusão.
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Há hábitos que talvez não estejam previstos no Código de Trânsito mas que ajudariam demais a torná-lo menos emperrado, só que pouco praticado pela maioria dos motoristas. Se o sujeito vai convergir à esquerda, por que não posicionar o veículo o mais à esquerda possível, colando até na faixa do meio da rua, permitindo assim que quem quiser seguir adiante possa fazê-lo passando pela direita? E vice-versa para quem deseja convergir à direita, facilitando assim a passagem pela esquerda de quem vem atrás.
Antes que me acusem de estar preocupado com o transporte individual lembro que tais macetes facilitam também o transporte coletivo, prioridade sobre o automóvel, sempre.
A lista dos maus hábitos é enorme. Trafegar com a luz alta ou faróis desregulados à noite faz parte destes hábitos, atrapalhando tanto quem segue à frente quanto quem segue no sentido contrário ao distraído que pensa que a alavanca do farol baixo é outro enfeite do veículo. E dá-lhe atrapalhar e cegar a visão de todo o resto dos motoristas, ciclistas e até pedestres que recebem aquele facho na cara.
Até os pedestres podem fazer sua parte. Por que raios ainda não se adquiriu o hábito de estender o braço, indicando claramente que se deseja atravessar na faixa de pedestres e não se trata de mais um comendo mosca ou papeando junto ao meio fio, deixando o motorista em dúvida se vai cruzar a rua ou não?
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Entra década e sai década e ninguém aprende. Querem que o motorista dirija melhor da noite para o dia? Simples, aconteceu com minha filha em São Paulo. Foi multada por não sinalizar conversão numa esquina e nunca mais esqueceu de usar aquela pecinha junto ao volante.
Prova de que as coisas podem mudar para melhor é a prática do fecho-eclair, que o amigo Cezar Zillig contou que acontece há muitos anos na Alemanha. Não é que isso está começando a dar certo por aqui? Numa situação de tudo devagar-quase-parando, seja numa esquina ou numa confluência, de maneira informal, entra um carro de cada vez, qual dentinhos de zíper numa roupa. A troca de gentileza diminui o estresse e a ânsia de furar filas, pois, ainda que devagar, todos avançam.