Faz uns 10 anos, através do amigo e jornalista Altair Carlos Pimpão, recebemos na Reserva Bugerkopf um casal de alemães que aqui veio tentar captar imagens do tangará dançador, que executa uma das mais espetaculares danças de acasalamento de aves do Brasil e que também ocorre nas florestas de Blumenau. Pouco tempo depois o amigo Dr. Herbert Schubart, hospedado no Centro, cedo se dirigia a pé ao Parque São Francisco para registrar imagens das mais diferentes espécies de aves que ele conseguia obter com seu equipamento fotográfico.
Continua depois da publicidade
No último verão, passeando no Parque das Nascentes, felizmente reaberto graças à garra e dedicação de um punhado de jovens voluntários, encontrei um cidadão observando paciente e atentamente a floresta com a câmera em punho. Para minha surpresa não era um biólogo ou profissional similar, mas sim um engenheiro civil que veio de São Paulo para aqui praticar seu “hobby” de observar e fotografar aves.
Há 15 anos foi fundado o Clube de Observadores de Aves do Vale Europeu, com relevantes serviços prestados a essa nobre atividade, incluindo a publicação do livro “Guia de Aves do Vale Europeu”. O clube promoveu ainda consultas populares veiculadas aqui no Santa, que resultaram na escolha das aves-símbolos de vários municípios da região.
Há 10 anos o número de “birdwatchers”, termo inglês para observadores de aves, não chegava a 2 mil em nosso país. Hoje são cerca de 35 mil, com potencial para chegar a 100 mil nos próximos três anos, conforme informação do Avistar Brasil, ONG que organiza o maior encontro de observação de aves da América Latina (Folha de S.Paulo, 30 de março). O próximo Avistar Brasil está marcado para os dias 19 a 21 de maio próximo, no Instituto Butantan, em São Paulo.
Os observadores de aves constituem também uma legião de leigos que apoiam a Ciência. Só para a plataforma E-Bird (O Estado de S. Paulo, 2 de abril), eles postaram 9 milhões de contribuições, em um único mês.
Continua depois da publicidade
Essa relativamente nova modalidade de saudável e antiestressante lazer junto à natureza tem gerado significativo incremento na economia. Nossas 1.809 espécies colocam o Brasil em segundo lugar no mundo em diversidade de aves. Um potencial expressivo, com destaque para Blumenau e região, que detêm uma das maiores concentrações de Mata Atlântica ainda de boa qualidade no país.
Por tudo isso, não é de hoje que insistimos na tecla do melhor aproveitamento da vocação “ecoturística” do Vale do Itajaí, no qual a observação de aves é uma de suas mais interessantes modalidades.