Ela não chega a ser a maior das aves de rapina mas tem uma força incomum. Como nos ensina o mestre Dr. Helmuth Sick, a envergadura de suas asas pode chegar a até respeitáveis dois metros, peso de 4,8 kg (macho) a 7,6 kg (fêmea), podendo esta ser ainda mais pesada. “Majestosa, de porte e força inigualáveis, é o mais possante rapineiro do globo”, podendo a poderosa unha do dedo maior medir impressionantes 7 centímetros!
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A harpia, ou gavião-real, ou uiraçú-verdadeiro, nomes diversos para a ave de nome científico Harpia harpyia, dominava o topo da cadeia alimentar “aérea” das florestas da América, do México ao norte da Argentina. Injustamente perseguida, hoje é uma raridade, extinta aqui na região e talvez em Santa Catarina. Só não é considerada em grave ameaça de extinção por que sobrevive nas (ainda) extensas florestas amazônicas. Preda preguiças-reais, aves maiores, macacos-prego, tatus, não se intimida com os espinhos do ouriço-cacheiro e é capaz de carregar até a copa das árvores uma cutia ou um jovem porco cateto.
Valeria a pena conferir, mas acho que Blumenau tem o único monumento erigido a uma Hárpia no Brasil, que fica no meio de uma das rótulas do complexo viário defronte ao Terminal Aterro, no bairro Salto do Norte. A história desse monumento começou lá por 1994 quando, na chefia da Fundação Municipal do Meio Ambiente, fui procurado pelo Sr. Günter H. Koczorski, da Ferraria Artística Kunstschmiede, então localizada na rua Ari Barroso, no mesmo bairro.
O Sr. Günter queria doar à cidade uma imagem em metal da águia europeia. Dizem que a burro dado não se olha os dentes, mas olhei. Sugeri a ele que reproduzisse não a águia europeia, mas a rainha das aves de nossa fauna, a Hárpia. O Sr. Günter gostou da sugestão e o então prefeito Renato Vianna também. Solicitou e lhe entregamos fotos e demais dados do bicho. Mesmo assim, perfeccionista que era, telefonou para os Zoos do Rio e de São Paulo, pedindo fotos com mais detalhes e ângulos do bicho.
Depois de demorado e paciencioso trabalho, mais de duas mil placas de latão ou cobre imitando penas, o magnífico resultado está lá. Embora bem visível defronte ao Terminal Aterro, fica um pouco distante dos olhares, onde uma placa que quase ninguém vê lembra o ato da inauguração, em março de 1996.
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Posso estar errado, mas não seria o caso desse monumento ter muito mais visibilidade, sendo transferido para o Centro, na rua 7 de Setembro, no início da rua Ingo Hering, chamando a atenção para o Parque São Francisco, que agora funciona logo ali atrás?