Dedicado ao casal Renate e Rolf Odebrecht

O engenheiro agrimensor Emílio Odebrecht chegava a ficar mais de um ano afastado da família em árduos trabalhos de campo. Seus mapas ainda hoje são exemplos da incrível perfeição de seu trabalho. Dos lugares por onde passava trazia sementes de variadas espécies de árvores e palmeiras, inclusive do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que sempre visitava quando para lá viajava a serviço da Comissão Mista de Fronteira, entre os anos de 1885 a 1888, com as quais Odebrecht acabou formando, a partir dos fins dos anos 1870, um denso bosque, um exuberante jardim botânico particular, a sua menina dos olhos.

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Boa parte das árvores desse bosque, com suas enormes e frondosas árvores centenárias, ainda sobrevive no local, tendo agora como vizinho o terminal de passageiros Emil Odebrecht, mais conhecido como Terminal da Fonte. Jatobás da Amazônia, palmeiras de várias espécies, tamarindo, cedro do brejo, pinheiros diversos, alguns atingindo 50 metros de altura, ali permanecem, mais de 130 anos depois de plantados. Uma das palmeiras, fora do bosque e junto à rua Amazonas, chegou a impressionantes 60 metros de altura, equivalente a 20 andares de um prédio.

Critiquei o abandono do Bosque Odebrecht nesse espaço oficialmente denominado de Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) Dr. Roberto Miguel Klein em abril de 2011 e agora volto para dizer que algo já foi feito, pois esses cerca de 3,5 mil metros quadrados estão pelo menos com cercas nova e muros reformados.

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Uma área dessas, contígua ao Terminal Fonte de ônibus e ao maior complexo clínico-hospitalar da cidade, formado pelo Hospital Santa Catarina e por centenas de consultórios e clínicas onde circulam milhares de pessoas todos os dias, não pode mais ficar inacessível ao público – claro, de forma disciplinada. Que venham logo, pois, não só as demais melhorias e a recuperação desse belo e frondoso pulmão verde de Blumenau como também sua ampliação em direção ao pequeno morro próximo ainda coberto de floresta, formando o conjunto, aí sim, a verdadeira Arie botânico Roberto Klein, da qual o Bosque Emílio Odebrecht seria uma importante parte.

Aries são uma categoria de Unidade de Conservação que permite a existência, dentro de seus limites, de alguma ocupação humana, sendo, portanto, a solução ideal para essa região cada dia mais agitada da cidade e onde novos edifícios de consultórios continuam sendo construídos. Junto com a Arie do Museu Fritz Müller na rua Itajaí, formariam dois importantes locais de preservação, pesquisa, educação ambiental e uso público em Blumenau.