O ano de 2015 foi cruel quanto a perda de amigos que se destacaram no exercício da cidadania. Ainda pranteávamos a morte do ciclo-ativista maior Wilberto Boos, ocorrida no finzinho de 2014 quando, em abril, além de meu pai, foi a vez da guerreira da biodiversidade e grande amiga Lúcia Sevegnani, depois Vilmar Tomio, Frei Edgar, o frei dos animais e, próximo ao final do ano, nosso arquiteto de grande visão cidadã, Vilmar Vidor. Todos deixaram muitas saudades e o mais importante: lições de conhecimento, de visão, de amor, de vida, que ficam para sempre.
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Revendo o que escrevi neste espaço me surpreendi com a quantidade de textos que abordaram direta ou indiretamente a questão da água em 2015. Foi o caso da grave crise hídrica de São Paulo e o exemplo de preservação dos mananciais que abastecem Nova Iorque, sempre fazendo um paralelo com a realidade local. As obras contra cheias no Vale mereceram alguns artigos enfatizando a importância de uma visão menos “obreira” e mais de gestão da paisagem como um todo. Batemos teclado também na importância de se garantir a qualidade de preciosos mananciais, como o da Nova Rússia local.
Acidentes ambientais envolvendo água e rios também foram abordados. O do Samae no rio Garcia em Blumenau e o das empresas Samarco/Vale, no rio Doce, em Minas Gerais, embora de proporções muito diferentes, foram ambos gravíssimos. O gigantesco deslizamento de uma encosta que mudou o curso do rio e destruiu nove propriedades na Nova Rússia foi outro destaque local, aqui abordado em 2015.
A água do mar foi o tema do último artigo do ano, na semana passada, e fiquei feliz com várias manifestações de leitores e amigos. Entre eles, Lauro Vianna lembrou que hoje o conhecimento, a conscientização, a legislação e a proteção do meio ambiente marinho é bem maior, mas que há muito trabalho pela frente, até para mitigar o que foi feito no passado. Noemia Bohn concordou que, para a maioria, o que interessa é o mar de aparências e não o mar na essência, como um ecossistema equilibrado, importante para o futuro da vida e da humanidade.
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Não sei o que me assusta mais, se são os oceanos morrendo ou a indiferença das pessoas. No entanto, as coisas mudam. A pressão dos “conscientes ambientais”, que aumenta dia a dia, foi decisiva na obtenção de resultados melhores na Conferência do Clima, no final do ano em Paris, por exemplo. Prova de que, com todos empenhados, ainda será possível garantir o bom estado da única casa conhecida capaz de abrigar a vida, inclusive a nossa, o Planeta Terra.