O Brasil é um país megabiodiverso, o campeão mundial de biodiversidade. Em território de nenhum outro país do mundo existem tantas espécies de seres vivos como no Brasil. Alguns países podem ter uma biodiversidade maior que a brasileira para grupos específicos, como a Colômbia, que tem mais espécies de aves que o Brasil, mas para o conjunto de espécies dos grandes reinos vegetal, animal e fungos, o Brasil é campeão absoluto.
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Nosso país abriga a quinta parte de todos os recursos hídricos da Terra. A foz do rio Amazonas despeja no oceano quase 20% de todas as águas doces do planeta. Os rios amazônicos possuem mais espécies de peixes que o conjunto dos oceanos. A Mata Atlântica Brasileira é considerada um dos biomas mais ricos em espécies por quilômetro quadrado por ela coberto.
Consta no livro Megabiodiversidade Brasil, de Ibsen Câmara, de fácil leitura, que recomendo fortemente, que o Brasil é o guardião de um dos maiores patrimônios naturais de nosso planeta, um patrimônio que pertence a toda a humanidade. Porém, amargo contraste e dura contradição: dos 19 biomas mais ameaçados do planeta, dois estão no Brasil – a Mata Atlântica e o complexo Cerrado/Pantanal. São décadas e séculos acumulando o descaso, a desídia, o abandono.
Todos os seis grandes biomas terrestres brasileiros já foram e continuam sendo duramente afetados pela torpe ação do homem. Da Floresta Atlântica já devastamos 90%; a Caatinga nordestina, como hoje a conhecemos é um arremedo do que era originalmente; os Pampas gaúchos e o Pantanal, ainda que na aparência naturais, também já foram muito alterados; o Cerrado sofreu nas últimas décadas um dos mais avassaladores avanços do agronegócio do mundo e, ultimamente, é da Amazônia que mais ecoam os roncos das motosserras que, apesar de ruidosos e terríveis, não sensibilizam os ouvidos de Brasília, parece que ao contrário.
Apesar de tudo, lembra o já mencionado livro, “registra-se em nosso país um formidável crescimento e uma acelerada consolidação da consciência da necessidade de se resgatar e preservar o meio ambiente”, consolidação que em boa hora recebe um oportuno impulso com a Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano, envolvendo as Igrejas Católica e Evangélicas Luteranas, cujo tema, muito oportunamente, são os biomas brasileiros. Com boas campanhas como essa, espera-se, de fato, permanecer apenas como anedota a velha piada em que Deus, questionado do porquê não ter criado nada de ruim na natureza do Brasil, responde: “espera para ver o povinho que vou botar lá”.
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