Que as pessoas estão vivendo em espaços cada vez menores não apenas em apartamentos mas também em casas, onde os espaços de grandes quintais vão se tornando raridade, não é mais novidade. Áreas livres, tais como um campinho de várzea para jogar uma pelada, também vão rareando na proporção direta do adensamento urbano.
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As crianças e jovens da atualidade são desestimuladas e até proibidas de frequentar um parque ou área natural ou preferem mergulhar os olhos no celular, iPad e similares. Os pés descalços desapareceram dentro dos tênis da atual geração. Pais morrem de medo que os filhos saiam e se aventurem na natureza e isso até é em parte compreensível, dada a realidade da segurança, atualmente muito diferente em relação às gerações anteriores. Até mesmo as escolas temem levar seus alunos para perto da natureza.
“Escolas, abram suas portas para a vida!”, bradava a saudosa professora Lúcia Sevegnani no livro Biodiversidade Catarinense (2013). “Levem seus estudantes para fora em bem planejados passeios ou experiências de observação; levem ao museu, ao parque, à praia, à floresta, aos campos e aos terrenos baldios; se algum imprevisto ocorrer, ele é tão educativo quanto a experiência de sair; pais, permitam que seus filhos saiam, há mais perigos dentro de uma casa com a internet que num passeio pela floresta – para o bem de seus filhos, não queiram processar a escola nem pedir indenizações absurdas!”.
Lúcia não chegou a conhecer o livro do estadunidense Richard Louv, que já vendeu quase um milhão de exemplares. Na obra, o autor argumenta que se corre enorme risco de se criar uma geração sob prisão domiciliar protetora, configurando o que ele chama de Transtorno de Déficit de Natureza, com consequências que passam pela obesidade, dificuldade de concentrar-se, não desenvolvimento pleno dos sentidos, deficiência de vitamina D, problemas psicológicos e emocionais.
Os japoneses já demonstraram por que o contato com a natureza faz bem. Agora, novas pesquisas, afirma o Dr. Louv, tendem a apontar para uma direção: experiências no mundo natural parecem trazer grandes benefícios para a saúde psicológica e física e para a capacidade de aprendizado de crianças e adultos. O verde pode estar ali ao lado, na própria escola, mas, quanto mais verde, melhor. Isso ajuda as crianças a aprender e ter confiança em si mesmas, reduzir os sintomas de déficit de atenção e hiperatividade, acalmá-las e ajudar a se concentrar. Com tanta opção de verde em nossa região, o que estamos esperando?
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