“Eu confio nas obras de engenharia, mas não confio em governo que só investe nessas obras e foge do eficaz ordenamento territorial como o diabo foge da cruz (…) governos gostam de obra$ (…) não fiscalizam o cidadão e com frequência são os primeiros a agredir o meio ambiente” escrevia na ocasião.

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Com Rio do Sul e outras cidades debaixo d¿água mais uma vez esta semana, ouvimos de novo o “consolo” do governador Raimundo Colombo e de outras autoridades de que, graças às obras de sobre-elevação das barragens, orçadas em R$ 600 milhões, a população foi poupada de prejuízos ainda maiores.

Embora o governador não esteja mentindo, na realidade ele está omitindo. Omitindo que o governo pouco tem feito quanto às medidas não estruturais como o rígido controle ambiental das terraplanagens e dos aterros em baixadas alagáveis, da erosão e das retificações, proteção da recarga do lençol freático, minimização da impermeabilização dos solos urbano e rural, controle efetivo de ocupação de encostas e demais áreas de risco, entre tantas outras medidas. A falta desses controles simplesmente anula qualquer sobre-elevação de barragens e fica tudo na mesma.

Quando uma autoridade afirma que as obras estruturais “irão acabar com as grandes cheias”, como consta no Santa de 28 e 29 de maio de 2015, elas criam uma falsa sensação de segurança e deseducam a população quanto ao fato de que temos de não só combater, mas também aprender a conviver com as enchentes.

Por essas e outras é que comentei, em 1º de abril de 2015: “Querem saber? Não vai funcionar (…). Aposto com quem quiser, com registro em cartório. Assim como disseram que iam acabar com as cheias há 30, 50 anos, daqui a 30 anos nos falamos novamente”. Não foi necessário esperar 30 anos para falarmos novamente sobre o assunto e sim, apenas, infelizmente, dois anos, um mês e uma semana.

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