Quem não defende as fontes ditas alternativas de geração de energia elétrica, como os aerogeradores, pretensamente menos impactantes ao meio ambiente? Com exceção da presidente afastada, mais preocupada em como fazer para estocar o vento, quase ninguém. Também sou favorável à geração de energias que causem menos impacto ao meio ambiente, mas não em locais mais apropriados à preservação da natureza, como é o caso do Campo dos Padres, ponto culminante de Santa Catarina localizado entre os municípios de Bom Retiro e Urubici, nos limites com municípios próximos, a leste da Serra Geral.

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Um grupo econômico pretende implantar um gigantesco parque eólico com 240 torres com 100 metros de altura cada uma no Campo dos Padres. Acontece que a região está classificada como de importância biológica extremamente alta para a conservação da biodiversidade, com base em extensos estudos que envolveram centenas de cientistas no Brasil, resultando no Mapa de Áreas Prioritárias para a Conservação, constante da Portaria 09/2007 do Ministério do Meio Ambiente. Em outras palavras, o Campo dos Padres deve destinar-se à implantação de um Parque Nacional, cujo projeto de criação está pronto, e jamais a um parque eólico!

“Um país sério protege suas belezas cênicas como cachoeiras, cânions e seus pontos culminantes e faz deles, através do turismo, o verdadeiro motor do desenvolvimento inclusivo e sustentável. O Campo dos Padres e o conjunto de serras que o circunda, além de fantástica beleza cênica, se constitui num dos últimos blocos homogêneos de florestas com araucárias e campos de altitude com elevado grau de preservação que ainda restam em Santa Catarina” (W. Schäffer). Isso simplesmente não passou pela cabeça dos que pretendem implantar esse inadmissível projeto no local.

Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, declarou há poucos dias que cada dólar investido em um parque nacional rende 10 dólares nas economias regionais em que ele está inserido. A região do Campo dos Padres, uma vez criado o Parque Nacional, tem potencial capaz de competir com o turismo do litoral, com a vantagem de oferecer atrativos ao longo de todo o ano, com evidentes benefícios econômicos e ambientais para a região em que estará inserido. Se estivéssemos em meados do século passado, tudo bem, predominaria a visão do parque eólico no lugar, coisa que agora, em plena realidade socioambiental do século 21, não tem cabimento.

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