O projeto “Caminhos da Mata Atlântica” vai colocar o Brasil (ufa, finalmente!) no seleto grupo de países que dispõem de uma rede de grandes trilhas sinalizadas para serem percorridas a pé. Como já escrevi, as redes de trilhas existentes há muito tempo em vários países impressiona. Se 225 mil quilômetros no vasto território dos EUA surpreendem, imagina saber que existem 4,3 mil quilômetros na Bélgica ou 5 mil quilômetros na Holanda, dois países com cerca de um terço do território catarinense. Ou 50 mil quilômetros de trilhas sinalizadas numa Suíça que tem menos da metade do território de nosso Estado.

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A França não deixa por menos, com 180 mil quilômetros. Já na Alemanha, pátria de origem de muitos dos imigrantes catarinenses, são nada menos que 260 mil quilômetros de trilhas, uma campeã! Nossa pátria-mãe, Portugal, até que não faz muito feio, dispondo de 1,5 mil quilômetros de trilhas, lembrando que tem um território um pouco menor que Santa Catarina. Mas perde feio para a pequena Eslovênia (um quarto da área de SC), que dispõe de 7 mil quilômetros destes caminhos. E nosso gigante verde-amarelo? Recostem-se bem, leitores: temos até o momento míseros 300 quilômetros de trilhas sinalizadas.

A boa notícia é que o movimento Borandá, um dos tantos atores envolvidos e patrocinados pela ONG ambientalista WWF Brasil, já iniciou os estudos para implantação do “Caminhos da Mata Atlântica”, uma trilha de mais de 3 mil quilômetros pelas Serras Geral e do Mar, passando por mais de 70 Unidades de Conservação governamentais ou privadas, unindo o Parque Nacional dos Aparados da Serra (RS/SC) e o Parque Estadual do Desengano (RJ), numa sucessão de paisagens, ambientes naturais e rurais de indescritível beleza.

O segmento que cortará Santa Catarina, a cargo do Instituto Çarakura, será de tirar o fôlego, pois é aqui que a trilha percorrerá boa parte das bordas das escarpas e dos canhadões (cânions) dos Aparados da Serra, a feição geomorfológica mais impressionante do Brasil. Entre caminhos alternativos e ramais secundários, um deles se dirigirá para as belezas da magia da Ilha de Santa Catarina.

No Vale do Itajaí, uma das atrações será a travessia do Parque Nacional da Serra do Itajaí, passando pelo quase lendário Faxinal do Bepe. De dentro do parque nada impede que trilhas secundárias levem à Nova Rússia via Minas da Prata em Blumenau, ou Lageado Alto de Guabiruba e assim por diante. Tudo ainda não bem definido, é bom lembrar.

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Que o próximo ano seja de grandes definições e implantações desta que será a primeira trilha sinalizada de longo percurso no Brasil. Feliz 2017 para todos!