O Parque Nacional de São Joaquim foi criado por ato do excêntrico, porém culto, ex-Presidente Jânio Quadros em 1961, para tentar salvar alguma amostra do que outrora foram nossas florestas com Araucárias. Vivia-se o auge da voracidade criminosa e insustentável da indústria madeireira no Estado, sob o beneplácito cúmplice e inconsequente das autoridades governamentais da época.

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A poderosa atividade madeireira morreu por suicídio, deixando na pobreza e miséria populações inteiras em muitos municípios e alguns proprietários ricos e influentes na sociedade. Influência tão forte que sua anacrônica lógica anti-ambiental tem atravessado décadas, conseguindo influenciar até hoje os meios políticos estaduais. Isso talvez explique grande parte do posicionamento de lideranças que não conseguem visualizar na natureza algo que não o utilitarismo através do uso direto dos recursos. Não percebem nem que o uso indireto, através da tão necessária preservação também pode impulsionar até com vantagens a economia, imagina a percepção ecológica propriamente dita.

A visitação aos Parques Nacionais só cresce. Mesmo com a atual crise, bateu-se novo recorde com 8,5 milhões de visitantes em 2016, com evidentes reflexos positivos na economia. Alheios a isso, lideranças dos municípios abrangidos pelo Parque Nacional de São Joaquim, reclamam de prejuízo na atividade turística ou em algumas outras atividades econômicas. O resultado o leitor Leandro Ludwig muito bem colocou (Santa, 19 de maio): decisões políticas não podem prevalecer nessas questões.

A desastrosa alteração dos limites do Parque Nacional de São Joaquim, privilegiou interesses paroquiais e grupos econômicos em detrimento do sagrado interesse maior da nação e do planeta, com inexplicável conivência de deputados estaduais e federais e senadores catarinenses mais a inépcia governamental que não dá suporte ao ICMBio, responsável por essas áreas.

Mais incrível ainda, terras devolutas que sequer precisam ser indenizadas e para as quais a legislação prevê a preservação como destino prioritário, portanto, bastando simplesmente serem anexadas ao Parque Nacional no município de Lauro Müller não foram incluídas. No planalto, uma importantíssima área de alagados também não foi considerada, sabe-se lá para atender quais interesses particulares. Como se vê, não é só a roubalheira financeira que assola e devasta o Brasil. A falta de visão global e estadista em casos como este também. E a bancada catarinense no Congresso Nacional foi conivente com isso!

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