O embargo da área de maricultura da Grande Florianópolis pode ter outro desfecho com a divulgação, nesta terça-feira, do resultado de exame dos moluscos que não encontrou ascarel nas amostras. O estudo, pedido pela Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), foi feito pela Universidade de São Paulo (USP) em 9 quilos de ostras e mexilhões coletados entre 14 e 17 de janeiro no Ribeirão da Ilha.
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Órgãos relacionados à maricultura estão traçando estratégias para conseguir rever o embargo dado pela Justiça Federal no fim da tarde de segunda-feira. O diretor de Qualidade e Defesa Agropecuária da Secretaria de Agricultura e da Pesca, Roni Barbosa, esteve reunido nesta terça com representantes da Celesc e da Fatma para preparar a defesa a ser apresentada na audiência pública da próxima quinta-feira, que pode reverter o embargo.
-Há comprovação científica que os moluscos da Baía Sul não estão contaminados-, defendeu Barbosa.
Até a audiência, o juiz Marcelo Krás Borges, da Vara Ambiental, não vai se pronunciar sobre o caso. Já o procurador ambiental Eduardo Barragan Seroa da Motta, rebateu que o resultado divulgado na terça não muda a ação. Na quinta, o procurador irá para a audiência sem a intenção de fazer acordo, já que não há dados confiáveis.
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-Não há condições de afirmar que não há riscos. Cada um fez coleta nos pontos que bem entendeu e mandou para um laboratório. Nem se sabe se é certificado para análise de ascarel-, destacou.
O Ibama também não descartou a possibilidade de contaminação a partir da data de coleta das amostras. O superintendente Kleber de Souza destacou que o ascarel é mais pesado do que a água e pode ter se acumulado no fundo do mar ou do riacho. Para poder ter uma análise segura dos riscos, demandaria tempo e vários exames.
O presidente da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Fatma), Gean Loureiro, destacou que todos os laudos feitos até agora, incluindo os testes realizados a pedido da Celesc, serão incluídos num dossiê para ser entregue à Justiça. A intenção é reverter a decisão judicial e manter o embargo apenas dos 730 hectares feito pela fundação.
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Exames de sedimentos do fundo do mar e do mangue já estão em análise para descartar qualquer risco de contaminação futura. Loureiro não soube dizer a data prevista para a divulgação dos resultados.
Alívio dos maricultores
Mesmo sem a liberação de produção, maricultores já comemoram o resultado. O produtor e presidente da Associação do Maricultores do Sul da Ilha, Klaus Nelson Ferreira, destaca que esperava ansioso pelo resultado e acreditava que não havia contaminação.
-Se tivesse dado uma enxurrada, aí a maricultura estava acabada-, admitiu.
Agora, o desafio para ele e para os outros produtores é recuperar o mercado perdido desde a notícia do vazamento de óleo em dezembro do ano passado. Boa parte dos clientes, em pleno verão, estão com medo de consumir as ostras, segundo Klaus.
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