As águas de parte do Ribeirão da Ilha e Tapera, em Florianópolis, podem estar contaminadas com ascarel, produto químico cancerígeno, causado pelo vazamento do óleo de transformadores do antigo Centro de Treinamento da Celesc.
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O resultado do laudo solicitado pela Fatma, que aponta a presença do produto no canal de drenagem em direção ao mar, foi divulgado nesta segunda-feira pela Prefeitura de Florianópolis.
A Fundação do Meio Ambiente (Fatma) proibiu a extração de qualquer molusco e peixes em uma área de 730 hectares na região, considerada a principal produtora de ostras de Santa Catarina, líder no cultivo entre os estados do país. A medida é provisória.
O executivo municipal prometeu colocar placas de advertência nas praias. Foram embargadas 28 fazendas de ostras, que refletem em 30% do cultivo no Ribeirão da Ilha. A área embargada fica entre a Praia da Mutuca e a Freguesia do Ribeirão.
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A contaminação teria ocorrido em 16 de novembro, mas a denúncia só chegou ao órgão em 20 de dezembro. De acordo com o presidente da Fatma, Murilo Flores, a proibição da extração de moluscos e peixes só veio agora porque os técnicos do órgão não tinham noção de que poderia ter o produto químico no óleo que vazou antes da análise. Mas no mês passado, a Defesa Civil já tinha informado à imprensa sobre a ameaça de conter o ascarel no óleo.
– Foi encontrada concentração de ascarel no canal. A chance de chegar a maricultura é mínima, mas dado o risco do produto, determinados o embargo provisório até que saia o resultado da análise que solicitaremos sobre a água do mar, o mangue e os moluscos – explicou Flores.
Além dos riscos para a saúde das pessoas, caso as ostras, berbigões e peixes estejam contaminados, também existe o potencial degradação ambiental se o ascarel atingiu o solo do mangue na Tapera. Segundo Flores, toda aquela terra teria que ser trocada.
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Apreensivos com o embargo da Fatma, que proibiu em caráter preventivo e temporário atividades nas águas contaminadas, os maricultores do Ribeirão da Ilha pediram uma reunião com a Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca, realizada na tarde desta segunda-feira. Eles foram recebidos pelo secretário executivo do Comitê Estadual de Controle Higiênico Sanitário de Moluscos, Roni Tadeu Barbosa, que agendou um encontro com as mais de 10 entidades que fazem parte do grupo para definir ações.
– É um fato isolado. Caso seja comprovada contaminação, os moluscos dessas fazendas serão exterminados e os produtores indenizados pelos responsáveis pelo vazamento. Esperamos que o resultado do laudo saia até o fim do mês – diz Barbosa.
De acordo com o presidente da Associação Catarinense de Aquicultura, Antônio Mello, os produtores ficaram chocados com a notícia e estão preocupados com os prejuízos, que ainda não foram estimados.
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