O crime de latrocínio (roubo seguido de morte) é a principal linha de investigação da Polícia Civil no caso do ex-vereador Altevir Schmitz, 45 anos, morto com um tiro certeiro no pescoço, na garagem de casa, em São José, na noite desta segunda-feira, dia 4. Outras possibilidades como crime político e passional não estão descartadas, mas vem perdendo força no primeiro dia de investigação.
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Dois fatos descobertos pelos policiais da 1a DP de São José, onde o inquérito foi aberto, sustentam a linha principal. O primeiro é um bloqueador de sinal encontrado dentro da caminhonete Hilux 2013 cor prata do ex-vereador.
O equipamento que serve para desativar o rastreador do carro foi levado pelos ladrões no assalto e deixado no veículo, que após ser roubado foi abandonado no Bairro Areias, a cerca de sete quilômetros da casa da vítima, no Bairro Forquilhas. Este tipo de aparelho é usado por gente especializada neste tipo de crime. No caso, pelos dois homens usando capuz e boné que participaram da ação.
O segundo fator é um pneu furado no percurso de cerca de 35 minutos que os criminosos fizeram entre a casa do ex-vereador e o local onde abandonaram o carro, por volta das 22h10min. Na opinião da polícia, os ladrões só abandonaram a caminhonete porque durante a fuga colidiram contra algum objeto no caminho, o pneu estourou e eles circularam com o veículo até a borracha do pneu ficar no aro.
Caso contrário, teriam seguido em frente com o objetivo planejado há um tempo: roubar uma caminhonete nova, cujo valor ultrapassa os R$ 140 mil, e que tem mercado garantido, inclusive com encomendas negociadas no mercado paralelo.
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Conforme a Polícia Civil, o principal mercado mais próximo de SC é o Paraná, especificamente na fronteira do Brasil com o Paraguai, na zona agrícola. Os compradores geralmente são fazendeiros que não sabem que a placa é fria.
Crime planejado
Policiais civis responsáveis pela investigação acreditam que os autores tem conhecimento razoável sobre roubos de carro, mas não são profissionais. Se fossem, teriam sangue frio suficiente e tentado imobilizar a vítima em vez de disparar o tiro de pistola calibre .380 que atravessou seu pescoço até a nuca, ao lado da orelha esquerda. O ex-vereador caiu de bruços, morto no chão. A pena de latrocínio é pelo menos quatro vezes maior que a de roubo.
Há uma testemunha ocular que ainda prestará depoimento e poderá esclarecer como foi a reação de Schmitz ao sair do carro, por volta das 21h30min, dentro da garagem, e ser abordado pelos assaltantes. Embora fosse conhecido pelo temperamento forte, o ex-vereador não estava armado, a princípio.
A investigação trabalha, num primeiro momento, com a hipótese dos criminosos terem conhecimento de quem era a vítima, pois o crime foi planejado com antecedência.
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Altevir Schmitz (PSD) foi secretário de legalização urbana em São José, e vereador de 2000 a 2006. Em 2008, recebeu 2.126 votos e se tornou suplente de vereador. Era natural de Vidal Ramos, no Vale do Itajaí e mudou-se para São José aos 19 anos.
Schmitz era casado e pai de duas filhas. Seu corpo foi velado em casa e sepultado no cemitério do Alto Forquilhas, em São José. A prefeita da cidade, Adeliana Dal Pont, decretou luto oficial de três dias em São José.