A decisão de licitar áreas para lanchonetes populares nos aeroportos das cidades que sediarão jogos da Copa do Mundo de 2014, anunciada pela Infraero, abre espaço para a discussão sobre os preços dos lanches e refeições cobrados nos aeroportos.

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Passageiros e até funcionários dos terminais ouvidos pela Agência Brasil em Brasília, no Rio de Janeiro e em São Paulo disseram considerar altos os preços.

No Rio de Janeiro, a bióloga Cláudia Regina Gonçalves, que viaja uma ou duas vezes por ano, diz que acaba comprando algum lanche, mas reclama do preço salgado:

– Eles devem achar que quem viaja de avião tem um poder aquisitivo maior, por isso que cobram mais. Para o auditor fiscal da Receita Federal, Sandro de Araújo Gonçalves, os preços cobrados nos terminais são abusivos:

– O alimento no Brasil servido nos aeroportos é caríssimo. Você vê que um quilo de alimento sem qualidade está saindo a R$ 40. Muitas vezes um restaurante no litoral, o preço é até 40% mais barato. Uma (garrafa) de água (300 ml) custa R$ 3,10, um refrigerante custa R$ 5,50, não tem explicação.’

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Em uma pesquisa de preços feita pela Agência Brasil no aeroporto do Galeão, no Rio, uma porção com 12 minipães de queijo sai por R$ 8,70, prensado a R$ 5,90, suco de laranja a R$ 6,90 e café expresso a R$ 4.

No aeroporto de Congonhas, em São Paulo, as opiniões se repetiram. Em busca de uma refeição rápida, os passageiros acabam pagando caro pelos lanches.

Os passageiros que quiserem tomar um café expresso e comer um pão de queijo nas lanchonetes em Congonhas não desembolsam menos de R$ 7,65. Se o café for substituído por um achocolatado, o cliente gastará R$ 10,65. Um refrigerante em lata não sai por menos de R$ 5.

Apesar da insatisfação dos consumidores com os preços dos lanches e refeições nos aeroportos, a Associação Nacional de Concessionárias de Aeroporto (Ancab) alega que os custos de manutenção dos estabelecimentos são muito altos para permitir abatimentos.

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Segundo o empresário Miguel Costa, do conselho de administração da Ancab, não é possível reduzir os valores cobrados, porque a manutenção no aeroporto é mais cara do que a de um estabelecimento comum. – O aluguel de um espaço no aeroporto é muito mais caro. Também é preciso ter mão de obra 24 horas, e isso dá uma fortuna de adicional noturno. A energia no aeroporto é mais cara, e se precisar de algum reparo, o lojista não pode chamar a empresa mais barata. Tem de ser a que a Infraero contrata – afirma.

A Infraero anunciou que pretende implantar lanchonetes populares nos aeroportos, com preços mais baratos. No modelo de lanchonete popular proposto pela estatal, 15 produtos serão tabelados, com base em uma pesquisa dos preços praticados nos mercados locais.

Até o momento, os aeroportos das cidades paranaenses de Londrina e Curitiba já têm estabelecimentos do tipo. O próximo a receber o modelo será o aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, com o pregão, para escolher a empresa responsável, marcado para 10 de dezembro.