Era para as redes estarem cheias, mas a realidade dos pescadores da Praia Central de Balneário Camboriú tem sido bem diferente este ano. Isso porque o movimento de lanchas e jet skis perto da orla está afastando os cardumes. Embora essa circulação seja proibida, a situação tem sido recorrente. Nem mesmo a fiscalização que a prefeitura e a Polícia Militar Ambiental dizem fazer está surtindo efeito.
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Passados mais de 50 dias do início da safra, os pescadores dos três ranchos da Praia Central ainda não tinham conseguido fazer nenhum lance até esta quinta-feira (20). Foi só neste dia que um pequeno cardume, com cerca de 200 peixes, foi capturado. Mesmo assim, muito longe do ideal se comparado a outros anos.
— O cardume a gente até avista, mas vem a moto aquática, a lancha ou qualquer outro tipo de embarcação de pesca e ele se espalha para outro lado da praia. O peixe já esteve aí a 400, 500 metros, aí a gente ia sair com a canoa para pescar, simplesmente passou o jet ski e lancha e não achamos mais o peixe — lamento o pescador Laércio Demetrio.
Vídeo mostra embarcações perto da orla
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A pesca artesanal da tainha é considerada patrimônio cultural imaterial de Balneário Camboriú. Um decreto municipal proíbe embarcações motorizadas nas orlas, próximas aos ranchos de pesca, entre 1º de maio e 30 de junho. O descumprimento é passível de multa, que pode chegar a R$ 8,2 mil. Os turistas dizem desconhecer a normativa. A prefeitura garante que tem fiscalizado 24 horas por dia. A PM Ambiental inclusive mostra vídeos de ações tentando coibir a prática.
Nesta quinta-feira (20), pela primeira vez este ano, os pescadores da Praia Central fizeram o primeiro laço, ainda bastante tímido. Foram aproximadamente 200 tainhas capturas.
— Esse negócio de embarcação na época da pesca, ou eles ficam no lugar deles ou vamos ter que parar com a pesca — desabafa Antônio José dos Santos.
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Prefeitura informou à reportagem da NSC que há fiscalização 24 horas por dia nas praias da cidades e que os profissionais atendem, também, às denúncias dos pescadores. A notificação, apreensão e remoção de embarcações por má conduta, ainda conforme o município, tem de ser feita pela Marinha do Brasil, através da Capitania dos Portos. Denúncias podem ser feitas pelo 190 da Polícia Militar ou pelo (47) 9 8403-7863 da própria Marinha.
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