Lair Leoni Bernardoni é conhecida como pintora, mas nunca pegou um pincel na vida. Fotógrafa há 30 anos, a catarinense de São Francisco do Sul produz imagens com uma relação tão estreita com a pintura que as pessoas se confundem: acham que é obra da tinta o que Lair fotografa com sua Nikon FE, e a comparam com grandes impressionistas como Renoir e Degas.

Continua depois da publicidade

Lair se considera leiga quando o assunto são as inovações tecnológicas na fotografia. Desde o começo usa a mesma máquina, já uma balzaquiana, e não faz uso de objetivas potentes nem de filtros mirabolantes. O segredo está na preparação da modelo, com chapéus, véus e até música para criar um ambiente etéreo, que não parece fazer parte deste mundo. Para ela, suas fotos mostram mulheres que não querem envelhecer, e por isso são atemporais.

Aos 74 anos, Lair também se recusa a envelhecer. Se diz madurinha, mas não idosa, e inaugurou no dia 12 de abril no Museu de Arte de Santa Catarina (MASC), em Florianópolis, aquela que diz ser sua última exposição, o canto do cisne, segundo a própria fotógrafa. Durante a montagem, Lair concedeu uma entrevista ao Diário Catarinense e relembrou sua trajetória de grandes alegrias, como a primeira mostra internacional realizada em Buenos Aires, em 1984, e também de grandes tristezas, como seu pai ter morrido antes dela se tornar fotógrafa.

Efeito onírico

Continua depois da publicidade

As fotografias de Lair retratam mulheres belas, intocáveis, admiradas de longe com um sentimento platônico. Essa estética se identifica, na literatura, com o romantismo. Poetas como Álvares de Azevedo retratam a mulher como uma figura inatingível. Já a luz intensa das fotos lembra os quadros do holandês Vermeer. A luminosidade também faz com que ela seja identificada com pintores impressionistas. Apesar das referências que as pessoas percebem em sua obra, Lair diz que nunca trabalhou em direção a uma estética, ela simplesmente lhe ocorreu já definida.

– Eu sempre trabalhei com questões que envolviam a estética. Quando fiz minha primeira foto nesse estilo, me descobri na fotografia e sai gritando pela casa “eu sou fotógrafa!” – conta.

As mulheres que ela fotografa são pessoas comuns. O figurino e o cenário são produzidos para atingir o efeito onírico que caracteriza as fotos. Uma das imagens da exposição dialoga com uma obra do pai de Lair, pintor. A modelo, à frente, veste um colar de pérolas sobre o colo nu, assim como a do quadro da parede, ao fundo da foto. E Lair segue perseguindo a beleza ideal.

Continua depois da publicidade

– Mesmo com todas as fotos que eu já fiz, ainda não cheguei ao ideal da beleza intacta. Sempre tem algo que eu acho que podia ser melhor. Fazer exposição dá muito trabalho e é bem cansativo, acredito que esta é minha última, mas eu ainda persigo isso da beleza ideal na foto e continuo fotografando.

Agende-se:

O quê: Exposição Pinceladas de Luz – fotografias de Lair Leoni Bernardoni

Quando: 12 de abril a 12 de maio de 2013. Terça a sábado das 10h às 20h30min e domingos e feriados das 10h às 19h30min

Onde: Museu de Arte de Santa Catarina, no CIC. Av. Governador Irineu Bornhausen, 5.600, Florianópolis

Continua depois da publicidade

Quanto: gratuito