Confesso que pensei umas dez, vinte vezes antes de me atrever a falar sobre e mais nova febre em jogos para smartphones, o Pokémon Go, que usa dados do Google Maps para espalhar monstrinhos, PokéStops e ginásios pelas cidades. Nele o jogador precisa andar pelas ruas para capturar os Pokémons com o celular em mãos – e com toda a atenção voltada a isso.

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Pelo que venho acompanhando, quanto mais captura, mais a pessoa quer sair por aí capturando. Fui alertada em casa de que correria o risco de ser mal interpretada se tocasse no assunto sem experimentar o aplicativo, sem conhecê-lo melhor.

Então baixei, joguei, conversei com pessoas que curtiram adoidado a ideia e entendo quando falam dos inúmeros benefícios que o recém lançado jogo no Brasil, traz: “entre outras coisas, ele faz as pessoas saírem de casa, caminharem, formarem grupos para caçar Pokemons, socializarem. É divertido, instigante!”, dizem. E entenda: eu respeito profundamente quem gosta de dedicar seu precioso tempo caçando monstrinhos por aí – afinal, se te faz bem, que mal tem né? Meu alerta é sobre limites… temo por quem não souber tê-los (e por quem convive com eles também!).

Que fissura

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A exemplo de qualquer jogo que se preze, eu disse qualquer, um jogador é levado a querer se superar (e ao seu oponente) cada vez mais. Se a pessoa não estiver atenta ao processo, a alienação pode ser inevitável – e o vício também. Por que isso me chama tanto a atenção e vem até me incomodando enquanto uma observadora social?

Por testemunhar, em apenas um fim de semana, tanta gente já “fissurada” em sair caçando por aí… a qualquer hora, inclusive de carro – e é apenas o começo dessa onda. Eram 3h quando retornava de um casamento em família e vimos muita gente em plena Avenida Beira-Mar “caçando”. Prato cheio pra bandidos, na minha humilde opinião. Sem falar nos vários motoristas que encontrei aproveitando a pausa nos semáforos, ou enquanto dirigem, para caçar os monstrinhos pelo caminho. Aliás, tenho recebido muitos flagrantes de profissionais do trânsito, ou que trabalham nele, seduzidos pelo aplicativo – um risco na estradas.

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Antes do “game over”

Mas o que de fato motivou esse meu “desabafo” sobre os monstrinhos foi a tristeza em que me peguei ao ver pessoas ali, tão perto de mim, me pedindo “só um minutinho” pra caçar mais um. Deu vontade de ser um Pokémon, pra ganhar atenção também. Surtei quando vi que dentro da minha casa eles também estão. Me senti invadida, acredite!

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Por sorte, uma boa conversa resolveu a situação: colocamos limites – hora de jogar, hora de largar o celular. Talvez essa seja mesmo a melhor jogada: conversar sobre o assunto antes que ele saia do nosso controle e nos domine. Caso contrário, será “Game Over” (fim de jogo) mesmo!