Difícil entender por que pessoas tão especiais, muitas ainda tão novas, acabam nos deixando tão cedo. Talvez por que sejam anjos, que tem missão intensa (mas breve) entre nós e que, depois do “trabalho concluído”, partem para novas experiências – isso só a fé de cada um pode explicar. Ainda estou meio zonza com a partida de um desses nossos anjinhos, a Paola Zaki, de 16 anos, moradora de Palhoça: ela estava internada há duas semanas, lutando agora contra um tumor no intestino e, no último sábado, não resistiu. E como essa menina batalhou pela vida! Aliás, somos testemunhas disso: nossa história com ela começou em abril do ano passado, quando Paola pedia nossa ajuda pra realizar um grande sonho – a festa de 15 anos.

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Digno de princesa!

Lembro como se fosse hoje o dia em que Paola me visitou na redação, na RBS TV, no Morro da Cruz. Ela levava carinho, abraços apertados e a notícia de que estava fazendo (e vendendo) trufas, pra conseguir realizar seu aniversário. E ela não vinha sozinha: trazia um grupo de voluntárias que souberam de sua história e assumiram a realização deste sonho com a menina – isso em meio às idas e vindas da jovem ao hospital: é que Paola já lutava desde os 13 anos contra um câncer na perna, que passou para o pulmão e a fez ir para a UTI, ter paradas cardíacas e ser desenganada pelos médicos. Mas ela tinha uma vontade de viver tão imensa, que nada a parecia derrubar. Paola tinha sempre na ponta da língua uma frase que virou sua marca: “Nenhum caminho é longo quando um amigo nos acompanha”. E ela conquistou mesmo uma legião de amigos, inclusive inúmeros leitores da Hora, que permitiram que os 15 anos da garota fossem dignos de uma princesa – inesquecível!

Firme, sempre firme!

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Tão logo a festa passou, Paola voltou a ser internada. O diagnóstico? Tumor agressivo e vários nódulos na região da nuca, na coluna e entre as vértebras. Mas ela seguia firme, sempre firme. Dois meses atrás me contava inclusive que já estava em casa tomando três tipos de quimioterapia, em comprimidos, além de fazer radioterapias diárias no Depon. Não mexia mais o braço direito, só os dedos – mas valorizava muito o fato de estar viva, apesar de tantos desafios. “Viver é muito bom! Sou prova de que a fé, a coragem e uma boa dose de amigos fazem milagres”, dizia Paola. E acho mesmo que ela ter conseguido ir tão longe, apesar de tantas complicações de saúde, foi fruto do amor imenso e intenso que a menina despertou, por onde passou. Ela, fisicamente, se foi…mas o essencial, nos deixa de presente: Paola valorizava cada segundo de sua existência, vivia intensamente um dia de cada vez – na simplicidade, na humildade, na alegria, abençoando o dom da vida. E é por isso que segue mais viva do que nunca entre nós. Coisa de anjo mesmo….

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