Acho que estou ficando “mocinha” nesse negócio de tirar férias! Aqui vos fala alguém que até muito pouco tempo atrás chorava (literalmente!) só de pensar em se afastar por um tempo do trabalho — era, de fato, um processo muito cansativo pra mim.

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Até que vem a maturidade e lhe propõe um olhar para a vida nunca experimentado antes: é quando você se dá conta do quanto esta existência é um presente e, como tal, precisa ser “saboreado” — o que inclui, claro, o labor, o produzir, as metas, a segurança da sua família, mas que precisa ter espaço também pra uma respirada, o não fazer nada, o explorar outros mundos — até para redescobrir e melhorar o seu mundo. E é assim, muito melhor, que me sinto ao retornar: “troquei a roupa da alma”, com diz o poeta…

Riqueza de lição!

Mais uma vez, foi o amor que me levou para terras distantes: agora fomos conhecer Portugal e Espanha. E como valeu economizarmos um ano inteiro (e também contar com a ajuda de amigos) pra vivermos dias tão intensos lá fora. Mais do que visitar pontos turísticos, ter contato com uma história fascinante e enlouquecer com a diversidade de sabores, trouxemos de volta na bagagem um sentimento intenso de gratidão pelo o carinho, a gentileza e o respeito com que fomos tratados por pessoas que nem nos conheciam – e talvez nunca mais nos reencontrem.

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Como esquecer do Seo Fernando, lá de Porto? Impressionante a alegria com que nos ensinou sobre vinhos — mesmo sem comprarmos nada, ele nos queria por perto! Como não sorrir com o sorrisão do Miguel, de Barcelona? Era perto de meia noite, hora de fechar, quando chegamos e, ainda assim, ele parou tudo e nos recebeu com uma Paella (espécie de risoto de frutos do mar) que foi um alimento pra alma. Já moram em nossos corações, sem saber, pois souberam nos encantar sem pensar no que viria em troca. Entende a riqueza desta lição? E não parou por aí…

A pequena Weinishet

Foi uma menina, que não passa de um metro e meio, que me conquistou de vez! Pra encerrar nossos vinte dias de uma jornada inesquecível, fomos a um restaurante temático de comida etíope — tão singelo, quanto acolhedor. Mais uma vez, chegamos com a cozinha quase fechando. Foi quando a pequena Weinishet pediu aos chefes por nós e nos permitiu saborear a refeição mais “emocional” de toda a viagem.

Pra você entender: na Etiopia a comida é geralmente consumida com as mãos e servida em um prato único, que fica no centro da mesa. Aí entra uma tradição chamada “Gursha”, quando você alimenta o outro em sinal de carinho. Servi, fui servida e, acredite: me senti amada de todas as formas naquele momento, com algo tão simples.

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Alguma dúvida do quanto voltei acreditando ainda mais na simplicidade e no especial que reside nela? Não há compras ou algo do tipo que substitua o viver isso! E que bom retornar desta forma: com as malas repletas de exemplos de gente que, “quando crescer”, quero ser ao menos um pouco também!

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