Confesso que fiquei na dúvida do que escrever sobre minha cidade querida, onde orgulhosamente nasci e me crio até hoje, neste aniversário de 289 anos. Mas a incerteza durou até eu reencontrar, há poucos dias, um homem que tem muitas semelhanças com nosso povo e esta terra: Antônio Mafalda.

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Assim como Floripa, ele só melhora com o tempo. Aos 67 anos, quase 50 de profissão, Mafalda é considerado um dos maiores repórteres fotográficos do país – uma “lenda”. Não nasceu aqui, mas é manezinho de coração e traz em si a essência de um bom mané: o sorriso no rosto, o mico sem vergonha, o abraço carinhoso, a conversa gostosa, a ingenuidade de um menino, a simplicidade de um gênio, a perseverança de um guerreiro.

Irrequieto que só ele, Mafalda já cobriu revoluções, guerras, desastres e participou dos maiores acontecimentos políticos do país. Quase um ano atrás, enfrentou o maior desafio de sua vida: ter que “puxar o freio” pra cuidar da saúde. Um câncer o colocou na fila do transplante de fígado e na saga em busca de um doador.

A imunidade não ajudava, as coisas não aconteciam e o desespero quase tomou conta. Quase! Mesmo debilitado, ele jamais deixou de acreditar que isso seria reversível. E foi: Mafalda deu um “mofas com a pomba na balaia” nas piores expectativas e tá aí, vivinho da silva, pra contar ainda mais histórias.

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10 com estrelinhas!

Foram idas e vindas até que o transplante acontecesse – e isso não trouxe o fim do sofrimento. Mafalda hoje “administra”, como ele mesmo diz, uma rejeição do órgão transplantado. “E tô vivendo um dia de cada vez. Às vezes, o que não é difícil, passo mal e todo mundo corre pra me levar ao hospital. Lá melhoro, agradeço a Deus por me recuperar, e recomeço tudo de novo”, conta.

E você acha que isso o deixa no fundo de uma cama, deprimido? Nada! Acabo de cruzar com esta “fera” em três dias de trabalho árduo, na cobertura de um grande evento, em Florianópolis.

Mafalda, com proteção no rosto, corria de um lado pro outro, pegando os melhores ângulos – como sempre. Me deu até vergonha de eu ter tanta saúde e não dar o devido valor. Mafalda aprendeu a valorizar cada segundo – e a comemorar por isso. Horas antes desta nosso foto aqui, por exemplo, ele voltava de uma consulta: “a médica me deu 10 com estrelinhas desta vez. Disse que tô me cuidando direitinho!”, festeja.

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É ou não é uma “alma mané” ? Um batalhador, que não se entrega, que é exemplo de vida e nos enche de orgulho! Eu diria, amigão, que hoje esse “10 com estrelinhas” vai pra todo mundo que sabe ser um bom “Mafalda”: um autêntico manezinho!