Hoje à tarde ele vai se apresentar à justiça. Tem apenas 15 anos e já coleciona antecedentes: violência contra um colega de escola, violência também contra a própria mãe e uma ameaça contra um conselheiro tutelar… Até que a vítima foi sua professora, lá em Indaial, semana passada.
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A foto de Márcia Friggi com olho roxo nos faz pensar, há dias, o quanto comportamentos perigosos rondam nossas salas de aula pelo Brasil. Uma pesquisa divulgada neste ano, e que ouviu 262 mil professores no país, mostra que mais de 22 mil deles já foram ameaçados por estudantes. E eu proponho sairmos do fato em si para pensar na raiz do problema. Via de regra ele pode estar “lá em casa”.
Vida marcada
O garoto aqui de Santa Catarina, por exemplo, convive diariamente com a violência no próprio lar: “ele via o pai chegar bêbado, me batendo, me espancando… ele chegou a apanhar do pai, várias vezes. Não foi uma vez só. Eu acho que tudo isso tá mexendo, mexe com ele, com certeza, né”, conta a mãe do adolescente. Se mexe? Pode ter certeza! A ciência inclusive comprova que tudo o que uma criança experiencia na primeira idade (até os sete anos) e na segunda (dos sete aos 14) é capaz de marcar pra sempre a vida dela e comandá-la pelo resto da sua existência.
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Leigamente falando, tudo fica no inconsciente e faz você agir por impulsos que, às vezes, nem sabe de onde vem. Por isso, se tem menores em casa, muito cuidado com o que diz ou faz com ele: se receber coisas boas, palavras de incentivo, exemplos legais — mais chances terá de ser um adulto feliz e mais bem resolvido. Do contrário, se presenciar violência, brigas, ser xingado, rebaixado, vai levar isso para a vida adulta também… E reproduzir com os outros.
“Não sou um monstro”
“Eu quero ser uma pessoa bem diferente do meu pai. Quero mostrar pras pessoas que eu não sou um monstro. A única coisa que eu tenho a dizer é que tô bastante arrependido. Isso não deveria ter acontecido”, diz o menino que bateu na professora — e que reforça o que eu disse acima: o quanto somos grandes responsáveis por moldar a auto estima dos pequenos que convivem conosco, em especial os pais ou os que fazem o papel deles. Pena é pensar que nossos adultos andam muito doentes, emocionalmente falando, ou seja, vamos multiplicar problemas se não atentarmos para isso.
Falando nisso…
Na minha caminhada como Coach, atendo muita gente grande com sua “criança” ferida. Pessoas que não conseguem ir pra frente, têm dificuldades com a própria imagem, problemas sérios de relacionamento, entre outros, que nem fazem ideia do quanto isso tem origem na infância, o quanto experiências negativas “lá no começo” nos fazem crescer com crenças que nos limitam.
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Por isso, não se culpe ao sentir sintomas assim: acolha o que lhe incomoda, aceite, perdoe-se e busque ajuda, de preferência profissional. Lembre-se: todo mundo precisa se dar atenção — isso é prova de amor por si e por quem convive com a gente!
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