Mais do que prefeito e vereadores eleitos, o período de eleições que recém terminou me trouxe muitas lições de vida. Estar na rua cobrindo o processo jornalisticamente tem mesmo dessas: nos traz presentes como seu Carlos, de 86 anos. Ele foi dar uma voltinha no Instituto Estadual de Educação, em Florianópolis, onde eu transmitia para a RBSTV, pra “conferir o movimento e bater um papo com o pessoal”.
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De fato não precisaria mais votar, mas fez questão! Aliás, já programava retornar mais à tarde, junto com a esposa de 74 anos, “pra dar sua colaboração”, como mesmo disse. “Quando voto me sinto mais vivo, me sinto importante. E olha que sou uma pessoa lúcida, apesar da idade”. Ah se todos fossem lúcidos assim, seu Carlos!
Quantas histórias….
Mais do que lucidez, seu Carlos me chamou atenção por me trazer outra reflexão. Depois da nossa primeira conversa, longa e divertida, ele me deu tchau. Não demorou muito, apareceu de novo, agora pra dar só mais um abraço. E se despediu novamente.
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Em 15 minutos, lá veio ele de novo: agora com uma foto de infância, onde aparece numa bicicleta, falando com maior orgulho de seus pais. Deu mais um beijo e foi almoçar. De tarde, retornou: agora trazendo mais uma pasta de fotos, com retratos de uma Florianópolis que eu nunca vi, mas que ele viveu e queria muito me contar.
Foi quando me caiu a ficha: ele precisava de atenção, assim como tantas pessoas que já passaram dos 60, 70 ou 80 perto de você, que talvez também precisem e não têm. E fiquei me perguntando: tenho conseguido ser o ouvido e os olhos, reservado um tempinho, pra ser mais presente na vida dos meus ¿Carlos¿ lá em casa? Me senti devendo, sabe? Com meu novo amigo ali, aprendi tanto em poucas horas! Por que não fazer isso ¿no meu cercado¿ também?
Terminei meu plantão levando pra casa uma lição silenciosa que só alguém que já viveu muito pode dar. E decidi: meu voto é do seu Carlos!
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