Ela tem 16 anos e me procura se dizendo com um ¿nó imenso na garganta¿. Paola Gonçalves, da Grande Florianópolis, já foi destaque aqui na coluna, no ano passado, quando em meio a um tratamento delicado contra o câncer pedia nossa ajuda para realizar o sonho da festa de 15 anos.
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Foi lindo ver tanta gente se mobilizando: amigos voluntários, leitores da Hora e a própria menina, fazendo trufas para vender, conseguiram promover um momento mais lindo do que o imaginado pela nossa jovem guerreira.
Mas a realidade seguiu dura: depois do câncer na perna, que passou para o pulmão e a fez ir para a UTI, ter paradas cardíacas (e ser desenganada pelos médicos), ela se recuperou, mas logo teve um novo baque: surgiu um novo tumor agressivo e vários nódulos na região da nuca, na coluna e entre as vértebras.
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Depois de passar semanas novamente internada, em estado grave, ela retornou:
— Agora estou tomando três tipos de quimioterapia, mas em comprimidos, em casa. Também estou fazendo todos os dias rádio no Cepon. Acabo de sair de uma cirurgia de emergência e, por enquanto, não mexo mais o braço direito, só os dedos (a doença enraizou). E vivendo tudo isso, preciso que me ajudes a desabafar, Laine: afinal, por que a fosfoetanolamina (conhecida como a pílula do câncer) não foi aprovada? Eles dizem que é porque não foi testada em seres humanos, só em animais, e pode prejudicar o tratamento. É engraçado: se fosse o filho de alguns deles, tenho certeza que aprovariam. Será que não entendem que tem pessoas morrendo? Eu me coloco como voluntária: se quiserem testar em mim, estou aqui – minha família assina um termo de responsabilidade. Fiz esse texto com a intenção de ajudar, não de ofender ninguém… e de mostrar que há pessoas que não têm mais nada a perder – e essa poderia ser uma esperança!¿, desabafa a menina.