Treze estudantes do curso de Oceanografia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) embarcaram nesta segunda-feira (10) em uma expedição de estudos de cinco dias no Navio de Estudos Oceanográficos Ciências do Mar 1. Os alunos estão em uma experiência embarcada em que podem colocar em prática procedimentos de coleta e análise laboratorial em alto-mar.
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Os testes realizados sob a supervisão de dois professores e dois estudantes de pós-graduação da UFSC permitem analisar água, plânctons, sedimentos e outros organismos do substrato aquático (o "chão" do fundo do mar) coletados a até 100 metros de profundidade. Uma oportunidade inédita para a maioria dos graduandos, que normalmente fazem experimentos apenas com amostras das baías próximas a Ilha de Santa Catarina.
Nesta viagem, o navio que partiu de Itajaí percorre a região da Ilha do Arvoredo a até 80 quilômetros de distância da costa.
As atividades são muito diferentes das feitas no conforto de um laboratório.
– Os estudantes fazem atividades embarcadas de vários tipos, mas agora vão ter pela primeira vez a experiência em um laboratório de ensino flutuante. O ambiente restrito que é o navio requer um treinamento especial e o cumprimento de normas e condutas. Os estudantes passaram por uma semana de preparação, e o embarque é um grande teste – disse o professor Leonardo Rörig, que coordena a expedição dos estudantes de Florianópolis.
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Rörig embarcou já no domingo (9), para saber das necessidades dos laboratórios do navio e o que poderia ser realizado pelos alunos. Como esta é a primeira viagem da UFSC no Ciências do Mar 1, os procedimentos e as rotinas serão experimentados e depois adaptados para as próximas.
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Experimentos em alto-mar
Clique nos pontos para conhecer o interior do navio e conferir quais testes e análises são feitos no Ciências do Mar 1:
Experiência embarcada
A estudante Juliana Hayden, de 25 anos, nunca ficou embarcada por tanto tempo. As outras experiências acadêmicas foram de no máximo um dia inteiro no mar. Para esta expedição, ela e os colegas se integraram à tripulação para ajudar na preparação dos equipamentos e dos laboratórios.
– A gente já fez alguns dos experimentos, mas é diferente fazer a coleta em alto-mar. As propriedades da água em maiores profundidades se modificam e as características dos organismos encontrados também – explica Juliana.
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Ambiente de restrição
O ambiente embarcado tem suas restrições. Só o indispensável é levado para as análises, mas qualquer coisa que faltar compromete a realização dos experimentos. Para resistir ao balanço do mar, os frascos de vidro, microscópios e outros instrumentos devem ser muito bem presos com fita adesiva em bases de isopor.
Alguns instrumentos de testes e reagentes foram trazidos da UFSC ou foram adquiridos com recursos dos próprios professores e alunos participantes.
– A ideia é que a partir do ano que vem os embarques sejam semestrais e que todos os alunos consigam ter a experiência. Os procedimentos são fundamentais para os alunos, e são temas que inclusive são estratégicos para a ciência e para o país. O país precisa conhecer a sua costa, para saber o que ela pode oferecer – disse o professor Rörig.
O Navio de Ensino Ciências do Mar 1 tem 32 metros de cumprimento e dispõe de dois laboratórios e é equipado com receptores instalados no fundo do casco, cinco guinchos e um guindaste, de capacidades diferentes, usados para lançar e recolher coletores de amostras e efetuar operações de pesca. Possui camarotes com capacidade total para o pernoite para 26 pessoas, dentre alunos, professores e tripulantes.
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Laboratórios "úmido" e "seco"
Ao lado da cabine do comandante fica a sala de hidro-acústica, onde são recebidas as informações de profundidade do mar vindas das sondas posicionadas no casco do barco. Com estes dados as equipes planejam quais testes e coletas podem realizar.
As amostras de água coletadas são analisadas no laboratório úmido, já os sedimentos e organismos vivos são estudados no laboratório seco, que é a "sala de aula" do navio. Para coletar material das profundezas, equipamentos são lançados através de cabos de aço ligados aos guinchos e guindastes.
A palavra do comandante
O comandante do Ciências do Mar 1, Onildo Leal Gaya, e o seu imediato contam com uma equipe de três marinheiros, dois maquinistas, cozinheiro e enfermeira.
– A tripulação realiza os trabalhos operacionais e auxilia os alunos nos procedimentos, pois alguns têm riscos e exigem experiência. Mas somos em poucos e é fundamental o trabalho conjunto com os estudantes.
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A embarcação foi construída com recursos do Ministério da Educação (Mec) para que estudantes do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul possam fazer estudos oceanográficos e fica sob responsabilidade da Universidade Federal do Rio Grande (Furg). Esta é a quinta expedição do Ciências do Mar 1, que foi entregue em agosto do ano passado.
A estrutura passou por adaptações para as necessidades de pesquisa e agora tem um cronograma de viagens pelo litoral catarinense. Neste domingo (16), dois dias após o retorno da expedição da UFSC, alunos de Oceanografia da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) embarcam no laboratório flutuante.
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