O La Niña deve acelerar sua chegada para julho deste ano. É o que aponta a nova previsão dos meteorologistas de todo o mundo. Conhecido por provocar o efeito contrário do El Niño, o fenômeno é responsável por causar o resfriamento das águas do Oceano Pacífico e costuma durar nove meses.
Continua depois da publicidade
Siga as notícias do NSC Total pelo Google Notícias
Antes esperado apenas para outubro, durante o fim da primavera e começo do verão, o La Niña vai dar as caras em pleno inverno, o que pode causar alterações no clima do país, com chuvas em abundância em algumas regiões e seca em outras.
“Calorão” é interrompido por massa de ar frio que derruba temperaturas em SC
De acordo com o meteorologista do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Mário Quadro, uma reunião já está sendo preparada com os meteorologistas do Estado para avaliar os impactos climáticos que serão causados com a antecipação do fenômeno. Ele explica o motivo dessa alteração de datas.
Continua depois da publicidade
— A partir do meio para o final do inverno, as águas já começam a ficar mais frias ali no Pacífico. Então é uma transição muito rápida, muito rápida mesmo. Na história foram poucos anos em que isso aconteceu. Sempre entre um El Niño e uma La Niña, a gente tem no mínimo três trimestres de neutralidade. Mas agora aparentemente os modelos estão dando dois trimestres de neutralidade — diz Quadro.
Mapa mostra áreas de Santa Catarina que poderão ficar submersas até 2030
La Niña em Santa Catarina
Com isso, algumas mudanças climáticas, apesar de não serem precisas, podem ser esperadas em Santa Catarina. Em linhas gerais, o fenômeno aumenta a possibilidade de estiagem e de frio no Sul enquanto no Norte e no Nordeste provoca aumento da chuva.
— Os impactos já se dariam no final do inverno e na primavera. Teríamos as frentes frias passando mais rápido, então elas acabam provocando menos chuvas e com isso tem mais massas de ar frio — completa o meteorologista.
Enchente, calor de 40ºC, seca: especialistas explicam onda de eventos climáticos extremos no Brasil
A última vez que o fenômeno La Niña sofreu uma alteração deste tipo, foi em 1973. Para discutir as mudanças climáticas será realizado um workshop em Santa Catarina, ainda em março, para saber como lidar com essa nova configuração.
Continua depois da publicidade
— A gente vai discutir na próxima reunião, como se comportou o clima nesse período e o que se espera para a próximo. Na verdade, os impactos nunca são no período da estação, geralmente quando a La Niña ou El Niño se configuram, o impacto se dá logo depois. Por isso que a partir do mês de configuração, sempre se espera cinco trimestres para caracterizar o fenômeno — explica Quadro.
A mudança para a La Niña no Pacífico, entretanto, não depende apenas de águas mais frias, já que ambos os fenômenos são de oceano e atmosfera. Ela só será confirmada quando a temperatura do mar estiver em nível La Niña por seguidas semanas e com circulação de ventos dentro de um padrão da fase fria.
Veja fotos do outono em Santa Catarina
Leia também
Rachadura e afastamento de placas tectônicas terão reflexos em SC? Especialista explica
Divisão da África está fazendo surgir novo oceano, aponta pesquisa
La Niña em 2024? Como o fenômeno pode impactar o clima de SC