Foi na casa em que cresceu ao lado dos pais e das irmãs, no bairro Fidélis, que o candidato Jean Kuhlmann (PSD) preferiu acompanhar a apuração dos votos do primeiro turno ontem. Apesar da companhia da noiva e da enteada, não se tratava de um simples reencontro com um lar de antigas lembranças de família. Nos últimos meses a residência foi transformada em produtora da campanha eleitoral. Uma base em que são traçadas estratégias para o futuro. Planejamento que ganhou mais quatro semanas com a confirmação do segundo turno na disputa pela prefeitura de Blumenau.
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A folha de papel A4 que pede silêncio fora da sala de gravação foi excepcionalmente ignorada ontem por sorrisos, abraços, entrevistas e conversas paralelas. Assim que a apuração completou 100% das urnas e confirmou o segundo lugar de Kuhlmann, com 35,06% dos votos e a consequente ida ao segundo turno para enfrentar Napoleão Bernardes (PSDB), que recebeu 44,81%, a TV e os computadores dos assessores que seguiam a apuração viraram coadjuvantes. Equipes de imprensa e amigos começaram a chegar à residência.
Kuhlmann não fez discurso. Atendeu a imprensa e os poucos convidados com um tom de confiança e disposição ao debate. Muito do entusiasmo vem da forma como o candidato vê o segundo turno – uma espécie de nova eleição. O tempo de TV, que agora será de 10 minutos para cada candidato, é uma das principais apostas de Kuhlmann para fortalecer o debate sobre a cidade e aprofundar as propostas apresentadas no primeiro turno.
Entre os aliados havia quem esperasse uma diferença menor para o primeiro colocado. Nada que tenha fugido da curva de avaliação da campanha nem dado espaço a qualquer clima que não fosse de confiança. Se os personagens do segundo turno são os mesmos de 2012, o cenário é visto de forma mais favorável pela cúpula do PSD. Isso porque na eleição passada, era a Kuhlmann a quem eram atribuídos problemas da gestão por representar continuidade do então prefeito João Paulo Kleinübing. Desta vez, é o adversário quem carrega o desgaste de responder pela máquina pública.
Para triunfar no segundo turno desta vez, Kuhlmann não esconde o desejo de canalizar a maior parte dos 20,14% dos votos destinados aos três candidatos derrotados ontem. No conforto da casa/produtora, Kuhlmann adotou um tom respeitoso que prometeu manter na campanha do segundo turno. Considera que as quatro semanas servirão de oportunidade para aprofundar propostas.
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Após se desvencilhar das entrevistas e cumprimentos por telefone, ele e o candidato a vice Alexandre José (PRB) partiram para um encontro em uma cervejaria no bairro Fortaleza. À militância, o discurso engrossou com críticas à atual gestão. Acertar o tom da campanha, aliás, é visto como um dos desafios para devolver a derrota de 2012 e superar o adversário no dia 30, confiante de que tempos melhores virão.