CORREÇÃO: entre as 12h02min de 14/6/2016 e 9h56min de 15/6/2016, este site informou, equivocadamente, que, além de Gilmar Knaesel, outras quatro pessoas haviam sido presas na Operação Bola Murcha. Na verdade, foram três prisões além da do político. Um envolvido está foragido. O texto já foi corrigido.

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A Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) afirma chegar a R$ 551,4 mil o valor apurado até agora em desvios de dinheiro público repassados por meio de subvenções sociais a Organizações Não Governamentais (ONGs) que levaram à prisão do ex-deputado e ex-secretário de Turismo e Esporte, Gilmar Knaesel (PSDB), na segunda-feira, em Florianópolis.

Além do político, a ação da Deic prendeu mais três pessoas. Um quinto envolvido, assessor parlamentar do ex-deputado, está foragido da Justiça.

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Responsável pela operação, o delegado da Deic Walter Watanabe, titular da Divisão de Defraudações, suspeita que o montante desviado dos cofres públicos possa ser ainda maior. Durante a gestão de Knaesel na secretaria, a Deic apurou que houve o repasse de R$ 13 milhões a ONGs, mas ainda não há comprovação de que toda essa quantia tenha sido desviada.

Além de Knaesel, estão presos na Deic Leandro Laércio de Souza – da Associação Cultural, Esportiva e Musical de Biguaçu e que no momento trabalhava como recepcionista da Prefeitura de Biguaçu – Lilian Cristina de Oliveira – da Associação Esportiva Scorpions e técnica de futebol – e Edício Gambeta. O assessor foragido é Arlindo Cleber Correia.

Em entrevista coletiva na Deic, o delegado Watanabe detalhou o esquema o qual trata como uma ação de uma organização criminosa que atuava em uma fraude criando ONGs para receber dinheiro público de eventos na área de esporte, turismo e cultura que nunca aconteceram.

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— Eram eventos que não eram realizados e recebiam as subvenções, recursos públicos da Secretaria, repassados a ONGs. Depois, os integrantes sacavam valores em espécie. Toda a documentação e os comprovantes dos eventos eram fraudulentos — disse o delegado.

Denúncia em 2014

A investigação começou em 2014 a partir de um boletim de ocorrência registrado na 1a DP da Capital por uma pessoa cujo nome apareceu em um evento não realizado. Essa pessoa, segundo o delegado, soube da fraude após ter sido intimada pelo Tribunal do Contas do Estado (TCE).Em razão da dimensão do esquema, a Deic acabou recebendo o inquérito e investiga a fraude desde janeiro de 2015. A apuração aconteceu em conjunto com o TCE e o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas.

“A maioria confessou”

A Deic afirma que a maioria dos investigados acabou confessando a participação na fraude. Ao todo, 13 pessoas foram investigadas e indiciadas, sendo cinco delas que tiveram a prisão pedida pela polícia e decretada pela Justiça.

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— Há pessoas humildes que eram cooptadas a fazer parte da fraude emprestando contas bancárias, laranjas da manobra fraudulenta nas ONGS — comentou o delegado.

Até agora, seis ONGs da região de Biguaçu são investigadas pelo desvio de dinheiro, mas a polícia suspeita de mais envolvidas com sedes em outras cidades. Para tentar maquiar os crimes, a polícia afirma que os envolvidos costumavam trocar de cargos nas ONGs.

— Eles se revezavam nos cargos. Muitos já nem sabiam mais que cargos exerciam — ressaltou o delegado.

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Os crimes apurados são associação criminosa, estelionato, peculato, corrupção ativa e corrupção passiva, falsidade ideológica e uso de documentos falsos.

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“Precisava disso?”, indagou Knaesel ao ser preso

Eram por volta de 17h quando policiais da Deic prenderam Gilmar Knaesel no bairro José Mendes. Ele saía de uma casa e preparava-se para entrar no carro quando dois veículos descaracterizados da Deic se aproximaram.

O delegado Walter Watanabe foi quem deu a voz de prisão ao político. Policiais relataram que Knaesel se mostrou bastante surpreendido pela ação policial e chegou afirmar que não precisava disso, em referência à ação policial na rua.

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Ele foi levado na viatura e está na carceragem da Deic sozinho. De manhã, não quis tomar café, mas disse aos policiais plantonistas que estava tudo bem. Segundo o delegado Watanabe, Knaesel deverá ser ouvido nos próximos dias e será transferido para o sistema prisional, assim como os demais detidos.

Como funcionava a fraude

Os integrantes das Organizações Não Governamentais (ONGs) em conluio com servidores públicos criavam eventos esportivos como instrumentos para desviar recursos públicos. Por exemplo, campeonatos de futebol e corridas de motociclismo, com datas, locais e contratações frias.

Repasses

A partir dos projetos enviados à Secretaria de Turismo e Esporte aprovados pelo então secretário Gilmar Knaesel, a polícia afirma que os investigados obtinham dinheiro público por meio de subvenções sociais da Secretaria de Turismo e Esporte de SC. O dinheiro caía em contas de laranjas e depois era sacado pelos investigados. Os eventos não aconteciam.

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Cooptados

Os investigados cooptavam e aliciavam pessoas, geralmente humildes, para atuar como laranjas da fraude, emprestando nomes e contas bancárias, sempre com o objetivo de não deixar rastro do caminho do dinheiro. Já as pessoas a frente das ONGs se alternavam nos cargos na tentativa de despistas fiscalização de órgãos públicos.

— Ele (Knaesel) tem mais de 170 processos no TCE e recebeu mais de um milhão de multas. Então a conduta dele diz tudo — disse o delegado Walter Watanabe ao garantir que há provas que fazem o ex-deputado envolvido nos crimes.

— Há um material riquíssimo que apuramos que comprovam indícios de crimes e não permitem dúvidas de que as ONGs e as subvenções sociais eram instrumento para desviar recursos e servir à máquina eleitoreira — explicou o procurador do Ministério Público de Contas, Diogo Ringenberg.

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