Música e literatura andam juntas na carreira de Kleiton Ramil. Conhecido pela dupla musical que mantém com o irmão Kledir, o artista pelotense lança agora seu primeiro romance, Kyoto.
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A estreia em narrativa longa vem depois de uma larga caminhada pelo mundo editorial, que teve início em 1990 com o infantil O Voo do Dragão. A obra foi seguida por Sonhos e Sonhadores (2008), que analisa o mundo onírico; O Livro das Confissões (2011), com textos dedicados aos seus filhos; Memórias de um Sonhador (2013), novamente sobre sonhos; Sobe e Desce com a Nina (2013), para crianças; e Insoniadeus (2014), com dicas para tratar a insônia.
– Foi muito agradável a experiência de escrever um romance. Descobri por que certos escritores são apaixonados por esse tipo de narrativa. Você recria a vida e, com isso, a valoriza – conta Kleiton.
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A história é simples. Trata de um amor impossível entre o jovem músico Murano e uma descendente de japoneses, Naomi, que é levada pela família contra sua vontade para Kyoto. Para os apaixonados ficarem juntos, precisarão passar por desencontros e revelações familiares capazes de transformar vidas.
Com uma prosa clara, Kleiton cria uma narrativa cheia de diálogos e com muita ação. Somando essas características do texto com o perfil juvenil de seus protagonistas, Kyoto se revela um livro com bom potencial para cativar os adolescentes e os jovens adultos, embora seu autor não tenha buscado definir um público ao escrevê-lo.
– Já tenho 54 anos, mas me sinto muito jovem, então talvez essa sensação de paixão e ternura que vivencio internamente acabe passando para o texto – afirma Kleiton.
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Leitor voraz e eclético, o músico mistura diferentes influências literárias, mas se considera um seguidor da prosa elegante e detalhada do japonês Haruki Murakami, autor da trilogia 1Q84 e Do que Eu Falo Quando Eu Falo de Corrida. Apesar disso, resolveu não explorar o caráter surrealista dos textos do ídolo.
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– Fiz essa opção de não entrar no surreal um pouco por medo de não dominar isso completamente. Por outro lado, tenho vontade de seguir futuramente por esse caminho, mas de um jeito próprio, diferente – diz o autor.
Apesar de ter irmãos que também se dividem entre a música e a literatura (Kledir e Vitor Ramil), Kleiton conta que os dilemas do fazer literário não são assunto nas reuniões de família:
– Quando nos encontramos, conversamos sobre música, tocamos juntos, cantamos, mas não falamos sobre literatura. Cada uma faz o seu trabalho e tem suas próprias lutas com as editoras.
KYOTO, de Kleiton Ramil – Romance, editora InVerso, 240 páginas, R$ 40. Cotação: 3 de 5 estrelas
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