Quando a população foi às ruas, nos idos de junho, um grito ecoava mais forte: “sem partido”. A negação das legendas e, por consequência, dos políticos, é fruto de um desencanto natural com a sucessão de escândalos, roubalheiras, e a natural desfaçatez com que alguns dos nossos representantes agem uma vez entronados no poder.

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A solução é a Justiça e, claro, o voto, a renovação pelas urnas. Mas como explicar que, ainda hoje, figurões de extensa ficha corrida como Paulo Maluf, Renan Calheiros, Jader Barbalho e Fernando Collor desfilem com desenvoltura pelo Congresso e ainda são influentes no governo do PT? Condescendência da Justiça ou dos eleitores, que, a cada pleito, renovam o mandato desse tipo de político?

Se houve avanços, como o julgamento do mensalão e a condenação de Natan Donadon, logo em seguida os deputados conseguem o feito de manter o mandato do colega presidiário.

Enquanto isso, o governo do Distrito Federal reforma a prisão, que terá cubículos diferenciados para dar conforto aos políticos no xadrez. É por isso que alguns mensaleiros, como o mandachuva do PR, Valdemar Costa Neto, estão transferindo o domicílio eleitoral para Brasília.

Um resumo dos nossos tempos está na explicação dada pelo deputado federal Zoinho (PR-RJ), flagrado usando dinheiro da cota parlamentar para alugar carros de empresas supostamente fantasmas: “Acho que honesto, só Jesus Cristo”.

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Pois o nobre parlamentar fluminense está prestes a assumir a prefeitura de Volta Redonda. Zoinho ficou em segundo lugar na eleição do ano passado, mas o vencedor foi cassado pela Justiça. É só mais um exemplo de regeneração da espécie.