Nunca se viu pressão igual para destituir um deputado insignificante de uma comissão da Câmara que até pouco tempo ninguém dava bola. Antiga cadeira cativa de PT e PC do B, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias vem a atraindo os holofotes por conta da pregação homofóbica e racista do pastor Marco Feliciano (PSC-SP). Na esteira da pressão, apareceram vídeos onde o evangélico surge como um Tim Tones da vida real, flagrado trocando bênção por dinheiro em cultos.
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Por trás da ascensão do religioso, há um movimento cada vez mais influente na política brasileira. Na última eleição presidencial, a pauta evangélica já havia contaminado o debate e reduzido as discussões sobre o futuro do país a temas como o aborto e a homofobia. O ministro Gilberto Carvalho foi obrigado a pedir desculpas à bancada, após dizer que o PT precisava buscar o voto da classe média evangélica, cuja visão de mundo era controlada pelos pastores.
Ou seja, Feliciano não é um fato isolado. A bancada evangélica está cada vez mais atuante no plenário e nas comissões, muitas vezes ditando a pauta. Ao usar a tribuna como púlpito de pregações, reproduzem a linguagem que seu rebanho – e eleitorado – quer escutar. Por mais que ativistas esbravejem, Feliciano não prega no deserto. Pelo contrário, foi eleito com mais de 200 mil de votos. O preço disso é bem maior do que fornecer a senha do cartão de crédito. É um cheque em branco que ninguém sabe onde vai terminar.
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