Naufragou mais uma vez a reforma política. Ao descartar o plebiscito e sinalizar com uma consulta popular junto à eleição em 2014, os líderes governistas evitaram açodamento de um assunto sério. O difícil é acreditar que no ano de disputa eleitoral a reforma será prioridade. A proposta já nasceu torta.
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Em meio aos protestos nas ruas, surgiu como solução definitiva. A insatisfação é latente, mas a reforma que o cidadão quer é muito mais de postura do que uma mudança nas engrenagens do sistema político brasileiro.
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A população quer menos corrupção, promiscuidade e vantagens pessoais, não um conjunto de medidas que na prática não mudam nada. Dilma Rousseff foi à TV propor cinco pactos e nenhum deles está de pé. O problema está noutro lugar.
Até o PMDB, que tem um instinto de sobrevivência maior que o dragão-de-komodo, já percebeu que soma mais pontos pregar a redução de ministérios do que o financiamento público de campanha ou o voto em lista, empulhações que atendem apenas o PT. A presidente Dilma tentou jogar no colo do Congresso o desgaste das manifestações, mas o Legislativo está dando uma resposta melhor. Sepultou o projeto da cura gay e a PEC 37, que reduzia o poder de investigação do MP, e acelerou a votação do fim do voto secreto.
Os parlamentares estão agindo sob pressão, mas pelo menos estão agindo. Até porque, no varejo, as práticas não mudam. Vão desde os passeios familiares em aviões da FAB até os gastos da Presidência com cabeleireiro ou diárias milionárias de hotel. Atitudes que só aumentam a revolta de quem passa horas como sardinha em um ônibus ou não consegue atendimento em um posto médico.