Os argentinos votaram ontem nos candidatos para as legislativas de outubro, em primárias obrigatórias que apontaram a tendência das próximas eleições.
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O jovem opositor Sergio Massa foi o candidato mais votado na estratégica província de Buenos Aires, mas o governo conseguiu a maioria a nível nacional. Massa garantiu vitória também nos distritos de Córdoba, Santa Fé e Mendoza
O resultado deve definir as forças políticas que gravitarão no segundo e último mandato do governo da presidente Cristina Kirchner, que vence em 2015 sem possibilidade de reeleição, segundo a Constituição.
Massa, 41 anos, ex-chefe de gabinete da presidente Kirchner que passou à oposição, soma 35% dos votos no distrito, contra 29,3% do governista Martín Insaurralde, após a apuração de 95% das urnas.
Massa disse ter dado “o primeiro passo para uma grande frente política” para as legislativas de outubro.
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– Somos a força mais votada na província de Buenos Aires. Demos o primeiro passo para uma grande frente política – disse a simpatizantes.
A província de Buenos Aires concentra 37,3% dos eleitores e tem 35 cadeiras de deputados.
Ma as Frente para a Vitória de Kirchner permanece como a força com mais votos em todo o país, com 5,4 milhões de votos (26,%), após a apuração de mais de 90% das urnas.
Este percentual permitiria ao governo manter a maioria na Câmara dos Deputados, segundo projeções oficiais, apesar do kirchnerismo não ter sido o mais votado nos principais distritos.
– Apesar desta ser uma eleição preliminar que escolhe candidatos, estaríamos em condições de manter e aumentar a representação da Frente para a Vitória (FPV) no Parlamento – disse Kirchner.
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Os grupos devem alcançar um mínimo de 1,5% dos votos para poder participar das eleições parlamentares, que acontecerão em dois meses.
A maioria dos partidos apresentou no domingo lista única para as legislativas de outubro, salvo alguns que travaram uma contenda entre pré-candidatos.
As primárias abertas, impostas por lei em 2009, foram celebradas pela segunda vez na Argentina, mas, embora tenham sido criadas para eleger candidatos, nesta ocasião a maioria das forças políticas apresenta candidatos únicos.
Seu resultado também serve para medir a tendência de apoio aos partidos diante das legislativas de 27 de outubro, quando serão renovadas a metade da Câmara de Deputados de 257 assentos e um terço do Senado de 72 integrantes, ambos dominados pela governista Frente para a Vitória (peronistas e aliados).
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Cerca de 30,5 milhões de argentinos habilitados para votar de uma população de 40 milhões começaram a votar às 8h locais (mesmo horário de Brasília), quando foram abertos os centros de votação nos 24 distritos do país.
A votação foi encerrada às 18h locais (mesmo horário em Brasília), sem o registro de incidentes.
Segundo o ministro do Interior, Florencio Randazzo, mais de 70% dos eleitores convocados foram às urnas no domingo, inclusive pela primeira vez os jovens de 16 a 18 anos, 600.000 eleitores habilitados.
Batalha em Buenos Aires
Como em outras ocasiões, o principal cenário político foi a província de Buenos Aires, bastião do peronismo com 37,3% do total de convocados às urnas e 35 assentos de deputados em jogo.
A Frente para a Vitória, partido de Kirchner, apresentou o prefeito do populoso distrito de Lomas de Zamora (periferia sul), Martín Insaurrualde, como seu candidato.
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Sergio Massa, da Frente Renovadora, prefeito de Tigre (periferia norte) e ex-chefe de gabinete de Kirchner (2008-2009), era o principal candidato fora do peronismo governante.
Os outros três principais distritos eleitorais são as províncias de Córdoba, Santa Fé e a Capital Federal, todos governados por opositores a Kirchner, que em seu conjunto concentram 25,4% dos eleitores.
Kirchner vota em Río Gallegos
Na Capital Federal, o partido do prefeito Mauricio Macri (direita), um dos presidenciáveis para 2015, está à frente de seus opositores, segundo pesquisas, mas optou por apoiar Massa em Buenos Aires, o principal distrito do país.
A presidente votou em Río Gallegos, na província de Santa Cruz (sul), e depois viajou a Buenos Aires para aguardar o resultado.
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– O governismo tentará impor sua interpretação de que é a força política mais votada – avaliou Rosendo Fraga, da consultora Nova Maioria, mas “os opositores argumentarão que dois em cada três votos foram para a oposição”, disse.
Pesquisas indicaram que os argentinos têm pouco interesse na eleição e inclusive indiferença em relação aos candidatos.
Cerca de 90 mil integrantes das forças de segurança provinciais e federais participara da operação eleitoral.
A presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, obteve hoje seu pior resultado eleitoral no Legislativo desde que seu marido, Néstor, assumiu a Presidência em 2003. Mesmo vencendo as primárias, perdeu distritos eleitorais importantes, incluindo a Província onde iniciou sua carreira política.
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No total nacional, o kirchnerismo lidera com 26% dos votos na eleição para deputados e ganhando em seis das oito Províncias onde se disputa uma vaga no Senado. No entanto, o resultado é cinco pontos percentuais menor que o obtido em 2009, quando sua popularidade foi abalada pelo conflito no campo.
O índice baixo, o menor desde que Néstor Kirchner assumiu a Presidência, em 2003, foi agravado por derrotas em importantes colégios eleitorais. Na Província de Buenos Aires, que concentra 37,3% do eleitorado do país, o vencedor foi o intendente (prefeito) de Tigre, Sergio Massa.