O secretário de Estado americano, John Kerry, iniciou nesta sexta-feira, em Genebra, uma nova reunião com o chanceler russo, Serguei Lavrov, visando um acordo sobre o conflito sírio, apesar dos reiterados fracassos dos últimos meses.
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Segundo o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, os dois líderes tentam obter um acordo sobre os detalhes de uma trégua nos combates “de sete a dez dias”, enquanto as forças governamentais fecham o cerco sobre os bairros dominados pelos rebeldes em Aleppo, a grande cidade do norte sírio.
“Ainda há alguns pontos não acertados”, assinalou Steinmeier, garantindo que americanos e russos negociam “um verdadeiro documento de cessar-fogo”.
Um funcionário americano garantiu em Genebra que as duas partes estão obtendo “progressos” visando o “fim das hostilidades” na Síria e para garantir à população “um acesso substancial e sem obstáculos à ajuda humanitária”.
No início da noite, quando o diálogo havia entrado na sua 12ª hora, Lavrov pediu aos jornalistas que tivessem “paciência”, afirmando que a parte americana deve consultar Washington.
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Para as Nações Unidas, um êxito nas negociações sobre a Síria entre Estados Unidos e Rússia representará “uma grande diferença em termos de ajuda humanitária, afirmou o enviado especial da ONU, Staffan de Mistura, que se encontra na Suíça acompanhando o desenrolar das conversações.
Washington e Moscou, que há cinco anos apoiam lados opostos em conflito que já deixou mais de 290.000 mortos e milhões de deslocados, tentam reativar o plano de paz do final de 2015 elaborado pela comunidade internacional, que inclui uma trégua duradoura, um esquema de ajuda humanitária e um processo de transição política entre e a oposição moderada.
Reativar o processo de paz é crucial para a situação humanitária em Aleppo, que se degrada dia a dia, principalmente após o cerco estabelecido pelas forças do regime.
Na quarta-feira, em Londres, a oposição síria apresentou um plano de transição política.
A primeira etapa do projeto da oposição síria prevê uma fase de seis meses em que “as duas partes negociadoras terão que se comprometer a respeitar uma trégua provisória” e com o retorno de milhares de deslocados e refugiados.
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Durante a segunda etapa, que duraria 18 meses, a Síria seria comandada por um governo transitório, que iria requerer “a saída de Bashar al-Assad e seu grupo”.
A terceira e última etapa permitiria consolidar as transformações através de “eleições locais, legislativas e presidenciais” organizadas “sob a supervisão e com o apoio técnico das Nações Unidas”.
O plano retoma os passos estabelecidos em novembro de 2015 pelas grandes potências em Viena, mas que não fixava o destino de Bashar al-Assad.
O plano de transição foi apresentado pelo Alto Comitê de Negociações (ACN), que agrupa os principais representantes da oposição e da rebelião sírias e que mantém contato com uma parte dos países do Grupo de Amigos da Síria.
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Entre eles estão os responsáveis pela diplomacia do Reino Unido, Turquia, Arábia Saudita, Catar, Itália, a União Europeia e França, enquanto os Estados Unidos conversarão com o ACN por vídeo-conferência.
“Essa reunião é muito importante porque conseguirão pontos de convergência para sair do ‘lamaçal’ sírio”, comentou o ministro de Relações Exteriores francês, Jean-Marc Ayrault, na saída do encontro.
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