Derrotado, mas sereno, Kennedy Nunes (PSD) conversou com a imprensa logo após o resultado da eleição, na frente do edifício em que mora, no Centro.

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Depois, foi ao comitê do PSD, na rua São Paulo, com o candidato a vice Afonso Ramos e o deputado Darci de Matos (PSD). Sem aliado do PSDB ou do PT a seu lado, prometeu olhos atentos ao prefeito eleito. Em julho, ele disse que seria sua última eleição a prefeito. Domingo, delegou a decisão ao partido

A Notícia – O que faltou nessa eleição?

Kennedy Nunes – Faltou voto. É só isso que eu posso dizer. A eleição é assim. É claro que o resultado não nos deixa feliz. Estávamos esperando que tivéssemos uma eleição em que o resultado fosse favorável. Mas quero agradecer o voto de todos os eleitores que depositaram confiança em nós. Foi uma campanha do tostão contra o milhão.

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AN – O senhor acredita que a estratégia no segundo turno da campanha foi errada?

Kennedy – Tínhamos a condição de fazer a campanha um pouco diferente, ficando no ataque o tempo todo. O adversário nos atacou. Mas optamos por uma campanha limpa, sem ataques. E vamos continuar assim: limpos e sem ataques. Para nós do PSD, e para os que votaram em nós, sobrou a fiscalização do Executivo. Saímos de cabeça limpa, sem qualquer peso. Já o adversário, que mentiu, não. Na última semana, 75% dos comerciais do adversário foram de ataques e de mentiras. As semanas finais viraram guerra jurídica. Vou continuar trabalhando por Joinville. Já me falaram que era para atacar, para falar das coisas. Mas não sirvo para esse tipo de política. A estratégia que tomamos foi de uma campanha limpa e o resultado está aí. Parabéns a quem ganhou.

AN – Que recado mandaria ao eleito?

Kennedy – Espero que as propostas com que ele se comprometeu sejam cumpridas. Só vendo para crer que conseguirá fazer tudo.

AN – O senhor acompanhou a apuração ao lado de quem?

Kennedy – Com a minha família. Estou muito tranquilo. É claro que a gente sente de não ter essa possibilidade, de não vencer. Mas estou com o coração em paz. Fizemos o que pudemos, mas não conseguimos vencer. O povo escolheu outro caminho.

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AN – É cedo, mas pensa em concorrer novamente daqui a quatro anos?

Kennedy – A decisão não é minha, é do partido. O partido irá se posicionar ainda e falar do seu papel de oposição, de fiscalização.

AN – Há chance de o senhor integrar a base governista em Joinville?

Kennedy – É uma decisão que o partido vai tomar. Fiz o meu papel, que era ser candidato e levar a bandeira do partido pela cidade. A partir de agora, o partido que define.

AN – Então não exclui a possibilidade?

Kennedy – Só em conjunto será decidido o que fazer.

AN – Voltará ao trabalho de deputado?

Kennedy – Claro. Esses dias, pedi licença sem remuneração para me dedicar à campanha. Amanhã, continuarei a vida normal com o mandato que as pessoas me deram. Sou um funcionário do eleitor, que há seis anos me escolheu deputado e agora o eleitor disse para eu continuar em Florianópolis.

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AN – Acredita que as propagandas rivais que afirmaram que o senhor ajudou o Avaí, de Florianópolis, e votou contra o pacote do BNDES para Joinville lhe prejudicaram?

Kennedy – Não só isso. Não consegui um tostão para o Avaí. Votei a favor do BNDES. Não fiz nada disso, por isso saio com o coração tranquilo. Eu e o Afonso estamos tranquilos, fizemos uma campanha séria e honesta. Tínhamos uma caixa grande de ferramentas contra o adversário, mas preferimos não usar. A questão do rio [Cachoeira, que a fábrica Döhler foi notificada por poluir em julho], de amarrar mulher [sobre as denúncias de assédio moral contra trabalhadores da empresa], de que o PMDB foi o partido que mais aumentou a passagem de ônibus e a taxa de IPTU.

AN – Avalia que os apoios do PSDB e do PT atrapalharam?

Kennedy – Acredito que a rejeição contra os outros candidatos (Carlito Merss e Marco Tebaldi) não interferiu tanto. Houve muita abstenção: 55 mil não votaram. Acredito que o dado mostra que muita gente não quis fazer parte do processo.

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AN – As pesquisas o mostravam na frente?

Kennedy – Não é a pesquisa que decide, é o eleitor. Fizemos o que tínhamos que fazer. Não há arrependimentos nem cabeça baixa. Mas a vida é feita de derrotas e vitórias. O povo escolheu assim.