Com o apoio de Donald Trump, Brett Kavanaugh superou nesta sexta-feira (28) uma etapa-chave em sua polêmica indicação à Suprema Corte, que será alvo de uma votação final no Senado, embora o presidente já tenha ordenado uma investigação suplementar do FBI devido às alegações de assédio sexual.
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“Ordenei que o FBI conduzisse uma investigação suplementar para atualizar o arquivo do juiz Kavanaugh. Como o Senado solicitou, esta atualização deve ter alcance limitado e ser concluída em menos de uma semana”, disse Trump em um comunicado.
Kavanaugh recebeu o aval do Comitê Judicial do Senado, cujos 21 membros votaram estritamente de acordo com a sua filiação política – os 11 republicanos a favor e os 10 democratas contra -, para recomendá-lo à votação no plenário da Câmara alta do Congresso.
O republicano Jeff Flake, que pode ser a chave de sua confirmação, exigiu que o FBI investigue os feitos dos quais o juiz é acusado por Christine Blasey Ford, cujo depoimento na quinta-feira diante dos mesmos senadores eleitos comoveu grande parte da população, embora outros tenham ficado do lado de Kavanaugh, em um país profundamente polarizado.
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“Este país está sendo destruído”, afirmou Flake, um republicano moderado e crítico de Trump. “E temos que nos assegurar de que sigamos o devido processo aqui”, continuou.
Agora corresponde ao líder da maioria republicana do Senado, Mitch McConnell, decidir o cronograma.
Os republicanos têm uma apertada maioria no Senado, de 51 cadeiras, em comparação com 49 dos democratas, e só podem ter uma baixa.
A votação do Comitê foi realizada em meio a um clima de forte tensão política. Furiosos, vários democratas deixaram a sala antes do voto, como sinal de protesto.
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O Senado tem a palavra final sobre as indicações presidenciais à Suprema Corte, que decide sobre os temas sociais mais complexos, como o direito ao aborto, o casamento homossexual e a regulação das armas de fogo.
– Alguns senadores-chave –
Há um grande suspense pelo voto de alguns senadores, que poderiam impulsionar a confirmação de Brett Kavanaugh.
Entre eles está Flake, que havia anunciado nesta sexta-feira de manhã que votaria “sim”, antes de ser atacado nos corredores do Senado por mulheres indignadas.
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“Você está me dizendo que a minha agressão não conta, que o que aconteceu comigo não conta e que você está deixando que as pessoas que fazem essas coisas cheguem ao poder”, disse uma delas, enquanto dezenas de manifestantes também se reuniram na Suprema Corte.
Visivelmente afetado, e após as reuniões com seus companheiros democratas e republicanos, finalmente pediu que o voto final seja atrasado até que realizem a investigação sobre as acusações contra o juiz.
– Trump decidido –
A solicitação foi rapidamente aplaudida por outra republicana cujo voto ainda não foi decidido, Lisa Murkowski, e um dos democratas que poderia votar a favor do juiz Kavanaugh, Joe Manchin.
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Ainda restam dúvidas sobre sua decisão final, assim como a de outra republicana, Susan Collins, que defende o direito ao aborto.
Pelo lado dos democratas, Joe Donnelly, um senador eleito em áreas de Indiana a favor de Trump, e que terá dificuldades para ser reeleito, anunciou nesta sexta que vai votar contra Brett Kavanaugh.
Enfrentando uma equação similar, Joe Manchin e outra democrata, Heidi Heitkamp, ainda reservam sua decisão. Todos votaram pelo candidato anterior de Trump à Suprema Corte, Neil Gorsuch.
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A pouco mais de um mês das cruciais eleições parlamentares, essas autoridades eleitas estão preocupadas com uma posição potencialmente custosa em termos eleitorais, em um momento de maior consciência sobre a violência contra as mulheres.
Os líderes republicanos, por sua vez, parecem determinados em todos os momentos a ver Kavanaugh sentado na Suprema Corte. O presidente americano, que mais uma vez assegurou o seu apoio ao juiz nesta sexta-feira, declarou que não pensou “absolutamente” em encontrar um substituto para ele.
* AFP