Uma maluca que saiu do nada, se veste de cupcake e canta que beijou uma garota e gostou. O objetivo do filme Katy Perry – Part of Me 3D, que estreia hoje nos cinemas, é desfazer o preconceito e mostrar uma profissional focada, mas também uma jovem de 27 anos com uma vida amorosa complicada e sujeita a frustrações, medos e tristezas.

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Mais de 300 horas de gravação foram utilizadas para compor o roteiro do filme sobre a cantora e compositora que sonhava em escrever letras sobre sentimentos com profundidade, como Alanis Morisette. Part of Me é um documentário musical com imagens de bastidores que revelam a menina comum sem maquiagem, que luta para sair da cama de manhã e cumprir a rotina de dieta, exercícios e shows.

Vídeos antigos mostram Katy na transição entre o mundo da música gospel e o que não pertence ao universo evangélico em que foi criada. O resultado é a garota permanentemente encantada com a cultura pop que só conheceu depois de adulta. É o que dá coerência à cantora. Faz sentido uma garota que passou a vida sendo podada exagerar na dose depois de liberada. Ela quer se divertir, vestir fantasias, usar maquiagens. Não que isso seja novidade. Desde a década de 1980, Cindy Lauper e Sarah Jessica Parker vêm dizendo em músicas e filmes que, no fim, meninas só querem diversão.

Katy por ela mesma

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Em 2010, ela estava estabelecida como sensação da música pop com seu segundo disco, Teenage Dream, liderando a parada da Billboard com cinco singles no número 1 – California Girls, Teenage Dream, E. T., Firework e Last Friday Night. É a única mulher a obter a marca. Também em 2010, casou-se com o ator Russell Brand, mas o relacionamento terminou no fim de 2011. O filme mostra uma Katy triste, mas especula-se que o cantor John Mayer esteja encarregado de dar ao passado a importância que ele deve ter. Nesta entrevista, a cantora fala sobre a estreia do filme.

Como foi ver Part of Me?

Katy Perry – Chorei um pouco sozinha antes de assistir, porque eu tinha atravessado tantas coisas no ano passado. O filme saiu de uma ideia que tive em 2010, e ver aquela bola de neve virar uma oportunidade me fez pensar: “Uau, estou fazendo meus sonhos virarem realidade”.

Você tinha outros filmes musicais em mente quando fez o contato?

Katy – Minha inspiração veio do documentário Na Cama com Madonna. Adorei o filme e adorei assisti-lo, porque eu não tinha sido exposta a algo assim quando estava crescendo. Por exemplo, eu quero assistir a Alien, o Oitavo Passageiro porque quero ver Prometheus e não vi o primeiro filme. Não me deixavam ver ou ouvir diversos momentos da cultura pop dos anos 1980 e 1990 quando eu era criança, devido à minha criação.

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Você sentia que estava sendo alienada?

Katy – Não, eu não sabia o que estava perdendo. Era o meu universo particular e tudo nele estava relacionado ao que meus pais achavam que era melhor para mim.

Mas como você se sentiu quando saiu para o mundo?

Katy – Eu era como um esponjão (risos). Ainda sou até hoje. Fico muito animada em experimentar e absorver todo tipo de fato e informação. Adoro aprender. Não tenho um problema de ego com o fato de que existem coisas que desconheço. Eu não frequentei a escola exatamente, então não tenho uma instrução formal forte, mas estou aprendendo ao longo do caminho. Se não sei o que uma palavra significa, eu peço: ‘Você pode, por favor, me dar uma definição disso? Como se soletra? Pra que serve?”. Adoro o idioma. Esse é meu trabalho: comunicar. Às vezes, quando descubro uma nova palavra, penso “posso usar isso numa canção”. São como pequenos tesouros.

Você disse que Alanis Morissette foi uma influência. Você se encontrou com ela?

Katy – Passei um tempo com Alanis outro dia. Ela tem uma sabedoria à frente de sua idade. Ela disse algo que colou em mim: “A transparência é o novo mistério”. Concordo com isso, já que na nossa sociedade, infelizmente, você pega muitas mulheres, meninas, e pessoas que são “famosas”, e elas são mostradas com tanta perfeição. Acho que isso pode fazer as pessoas se sentirem inseguras. Essas foram algumas das razões pelas quais mantive momentos no filme em que estou cansada, com uma cara horrível. Construí a imagem de desenho animado e acho que é hora de mostrar que também está aqui o que o capuz esconde. Foi daqui que eu vim.

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