Karollynne Pereira tinha 33 anos quando deu entrada no Hospital Regional de Joinville há duas semanas, em 9 de julho, com sintomas de coronavírus. Na mesma noite, a mãe dela recebeu a pior notícia que pode chegar para qualquer mãe, mas ainda mais dolorosa para quem tinha na filha única uma família inteira. 

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“A Karol virou estrelinha”, mandou dona Judite aos amigos e parentes em seguida — entre eles, a artesã Michelle Nunes. Karollynne foi a segunda pessoa mais jovem a perder a vida após contrair Covid-19 em Joinville. Antes dela, Juliana Campos de Jesus faleceu, logo depois do aniversário de 33 anos. Além delas, mais uma pessoa com idade entre 30 e 39 anos morreu em Joinville após contrair coronavírus, segundo dados do Estado.

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Foram poucos dias entre os primeiros sintomas, a internação, com intubação urgente, e a notícia de falecimento. Michelle era uma das melhores amigas e acompanhou aquela semana difícil por telefonemas e mensagens, primeiro enviadas por Karol, depois pela mãe.  

Fui no PA ontem. Fiz os exames. O médico disse que tem uma mancha no pulmão, mas não tem infecção no sangue. Mas minha saturação tava muito baixa. E, se não melhorar, vou precisar internar

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Karollynne não tinha doenças crônicas conhecidas. Há cerca de cinco anos, desenvolveu uma trombose que evoluiu para embolia pulmonar e, há três anos, passou por um quadro de pneumonia grave, que a deixou no hospital por 11 dias. Nada nesse histórico, no entanto, poderia fazer com que ela, a mãe ou o grande número de amigos conquistados por ela durante a vida imaginassem que a jornada seria tão curta.

— Ela tinha muitos admiradores, muitos amigos. Era impossível não gostar dela, justamente pela alegria e amor. Com certeza, ela fez diferença na vida de muitas pessoas — conta Michelle. 

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Ela e Karollynne eram amigas há dez anos, em uma relação que nasceu por causa do artesanato. Psicóloga por formação, ela encontrou no hobby da adolescência uma forma de renda complementar que, depois, se tornou um projeto de empreendedorismo. Ela virou uma artesã reconhecida na cidade pela produção de decoração e lembranças em feltro e tinha a semana cheia pelas aulas de arte em feltro.

— Há pouco tempo, ela começou a desenvolver apostilas online e criou canais pra dar aula ao vivo aos sábados pra ensinar técnicas. Tinha gente até de outros países que a acompanhavam e eram fãs. O artesanato era a vida dela, o amor de todos os dias. Era nítida a realização em cada peça criada — recorda Michelle.

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