Era quinta-feira e os ponteiros do relógio já passavam das 7h. Faltava pouco para que Karina Helena Rodrigues, 27 anos, que conduzia uma moto, chegasse à empresa onde trabalhava na Rua XV de Novembro, em Blumenau. A princípio, tratava-se de um dia comum no calendário de 2012. Mas quando o semáforo da Rua São Paulo, esquina com a Rua Antônio da Veiga, Bairro Victor Konder, abriu o sinal verde, um acidente mudou os rumos daquele 29 de março. A motociclista colidiu com um ônibus que atravessava a via em direção à Avenida Martin Luther e ficou presa em uma das rodas do coletivo.

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– Quando eu estava embaixo do ônibus, pedi a Deus para me dar mais uma chance – afirma a jovem.

Karina permaneceu 15 dias na UTI, sempre lúcida, e ficou internada no Hospital Santa Isabel por três meses. Os médicos também cogitaram a possibilidade das duas pernas dela serem amputadas, porém, ela já consegue dar alguns passos com o andador:

– Hoje me sinto muito feliz. O acidente em si foi difícil. Mas experiências boas também vieram depois, que eu não teria vivido se o acidente não ocorresse. Conheci pessoas boas, tive muito apoio da família e de amigos.

Para Karina, 2012 foi um ano de renascimento. Atos como tomar banho de chuveiro, dar alguns passos e estar em casa voltaram a fazer parte da vida dela com outros significados. Agora, comemora dois aniversários: 22 de maio, o dia do nascimento, e 29 de março, o dia do renascimento.

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O mundo deixou de ser cinza

Foi por acaso que Patrícia Zuchi Keller, 37 anos, descobriu um câncer de mama. Em dezembro de 2011, ela passou por uma cirurgia para a retirada da mama direita. De março a agosto, fez 28 radioterapias e oito quimioterapias. Hoje, toma medicamentos para auxiliar no tratamento.

– Quando descobri o câncer de mama, tudo ficou cinza. Eu só chorava. Com ajuda da família e amigos, segui adiante – afirma Patrícia, atendida pela Rede Feminina de Combate ao Câncer.

Ela comenta que nunca enfrentou situação semelhante e aconselha:

– Não desanime nunca. É preciso seguir sempre em frente. A vida é fácil. Às vezes, somos nós que complicamos.

Planos adiados e força para recomeçar

A fase era boa. Rodrigo Braguetto, 27 anos, havia atingido 500 horas de voo e se preparava para começar os testes nas grandes companhias aéreas. Até que, no dia 12 de março, um voo de 30 minutos fez com que todos os planos fossem adiados. O piloto sobrevoava Luís Alves quando percebeu uma falha no motor da aeronave. Em poucos segundos, ele tentou um pouso forçado, mas não conseguiu evitar a queda. A ponta da asa tocou o chão e o avião caiu de bico.

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Rodrigo foi salvo por um morador das proximidades de onde o avião caiu. Com o vazamento de combustível, teve queimaduras de segundo e terceiro graus. Foram mais de 20 dias internado em uma UTI. Sedado, sonhou com outros acidentes tão graves ou até piores.

Acordou para reaprender a vida. Ficou em pé. Tomou banho sozinho. Deu os primeiros passos. Voltou a mastigar. E voou, como passageiro, mas voou – para ele, a grande vitória da sobrevivência: ter força para recomeçar.

Dor que se transformou em amor

Foram apresentados um ao outro em 2007. No início, parecia que eram amigos. Mas ele o enganou. Arrancou-lhe o amor que sentia. Deixou-o doente. Destruiu o casamento dele. Afastou-o da família. Até que Rafael Ervin Araújo, 42 anos, conheceu quem era o crack. Foi aí, em janeiro de 2012, que decidiu reverter a situação. Deu adeus ao vício e foi procurar ajuda no Centro Terapêutico Vida (CTV), em Blumenau. Ficou internado durante seis meses. Com tratamento espiritual e psicológico, além de assistente social, médico e outras atividades no local, conseguiu se recuperar. Hoje, ajuda no CTV e serve de exemplos para outros ex-dependentes:

– O mais difícil foi a saudade. Ficar afastado da família. Mas eu sabia que precisava passar por essa dor. Eu não podia continuar lá fora. Depois, a dor se transformou em amor. Foi através da palavra de Deus, além do apoio da minha família, que consegui dar a volta por cima.

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Para ele, 2012 foi um ano de renascimento, o nascimento de uma nova vida.