A procuradoria turca pediu duas condenações à prisão perpétua para Fethullah Gulen, o clérigo exilado nos Estados Unidos e acusado de ter orquestrado o fracassado golpe de Estado de 15 de julho, enquanto prosseguiam os expurgos contra supostos simpatizantes em dezenas de empresas em Istambul.
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Segundo um documento de 2.527 páginas aprovado pela procuradoria da região ocidental de Usak, Gülen é acusado de “tentar destruir a ordem constitucional à força” e “de formar e conduzir grupos terroristas armados”, entre outras acusações feitas contra ele, disse a agência de notícias Anatolia.
Dos 111 suspeitos envolvidos no caso, 13 estão detidos, disse a agência. Todos enfrentam penas de prisão que vão de dois anos à prisão perpétua.
Segundo a ata de formulação de acusações, uma rede de organizações gülenistas, que o governo turco chama pelo acrônimo de FETO, se infiltrou nos arquivos estatais através de membros que trabalhavam em instituições públicas e organismos de inteligência.
A procuradoria indicou que o grupo utilizou sua rede de fundações, escolas, dormitórios para estudantes, meios de comunicação e empresas de seguros para tomar o controle de instituições estatais.
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A Turquia pede com insistência aos Estados Unidos desde o golpe frustrado de 15 de julho a extradição do pregador turco, inimigo do presidente Recep Tayyip Erdogan, e critica os americanos por não terem respondido ao pedido de extradição.
A partir da Pensilvânia, Gülen negou todas as acusações.
Um processo “justo e imparcial” para Gülen
Durante o dia, o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, disse em seu discurso semanal ante os deputados do governista Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) que é partidário de um processo “justo e imparcial” para Gülen.
“Gülen voltará à Turquia e prestará contas”, afirmou.
Em suas declarações, Yildirim pareceu recuar à possibilidade de um restabelecimento da pena de morte.
“Uma pessoa só morre uma vez quando é executada. Existem formas de viver que se parecem mais com a morte para este tipo de pessoas”, sustentou.
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“As pessoas querem o restabelecimento da pena, mas não acredito que, se chegar o momento de um debate parlamentar sobre o tema, os deputados irão aprová-lo”, estimou uma fonte governamental.
Enquanto isso, o expurgo de supostos simpatizantes de Gülen ou de pessoas que teriam apoiado o golpe de Estado frustrado se seguiu com uma vasta operação em Istambul. Desde 15 de julho mais de 35.000 pessoas foram presas, 11.597 das quais foram liberadas.
Nesta terça-feira 80 pessoas foram detidas, informaram meios de comunicação locais.
Por sua vez, a procuradoria de Istambul anunciou que 239 de seus funcionários foram detidos na segunda-feira.
Em uma conferência de juristas, Erdogan insistiu que “todas as detenções foram realizadas respeitando a lei” e o estado de emergência decretado depois do golpe de Estado frustrado, minimizando, assim, as críticas internacionais.
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“No dia de hoje, um mês após o golpe de Estado, nenhum líder ocidental visitou nosso país”, lamentou o homem forte de Ancara.
* AFP