A justiça romena anunciou nesta segunda-feira (2) que pretende lançar ações judiciais contra o ex-chefe de Estado Ion Iliescu e o ex-premiê Petre Roman pela responsabilidade nos dias sangrentos que se seguiram ao levante anticomunista de dezembro de 1989.

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O procurador-geral da Romênia, Augustin Lazar, pediu a autorização do presidente Klaus Iohannis para iniciar ações penais contra os dois ex-dirigentes por “crimes contra a humanidade”, segundo um comunicado da procuradoria.

Este tipo de crime não prescreve e, como se tratam de ex-membros do poder executivo, é necessário que o chefe de Estado dê seu aval.

Além de Iliescu e Roman, a iniciativa se dirige também contra o vice-premiê da época, Gelu-Voican Voiculescu.

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O anúncio da segunda-feira representa uma nova etapa na longa investigação para tentar determinar as responsabilidades nos atos de violência que se seguiram à queda do ditador comunista Nicolae Ceausescu e sua esposa, Elena, julgados sumariamente e executados em 25 de dezembro de 1989.

O sumário sobre o levante anticomunista, que tinha sido arquivado em 2015, principalmente devido à prescrição ou à falta de provas, foi reaberto em 2016 por decisão da Alta Corte de Cassação.

“Para preservar o poder”, os novos dirigentes teriam, segundo a procuradoria, aplicado um “plano” e provocado “a morte, ferimento a bala, prejuízo físico e mental e a detenção de um grande número de pessoas”.

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“Sinto surpresa total porque não tenho absolutamente nada a ver com essa história”, reagiu Roman em declarações à agência de notícias Agerpres após o anúncio da procuradoria.

Um total de 1.104 pessoas morreram na Romênia durante os eventos de dezembro de 1989, 162 antes da queda de Ceausescu, que tinha ordenado a repressão dos manifestantes, e 942 nos dias seguintes, segundo um desenvolvimento que permanece pouco claro 28 anos depois.

Iliescu, de 88 anos, presidiu a Romênia de 1989 a 1996 e de 2000 a 2004.

* AFP