A Justiça concedeu a renovação das 97 prisões temporárias dos suspeitos de envolvimento na segunda onda de atentados em Santa Catarina.

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O inquérito conduzido pela Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) deverá ser concluído antes dos 30 dias de prorrogação.

Pedidos de conversão de prisões temporárias em preventivas deverão ser encaminhados ao judiciário, até pela necessidade de se evitar eventuais novos ataques.

O pedido de prorrogação por mais 30 dias das 97 prisões de integrantes do Primeiro Grupo Catarinense (PGC), facção que planejou os ataques, foi atendido nesta sexta-feira, dia 15, pela 3a Vara Criminal de Blumenau. Mesmo dia em que perderiam validade.

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As detenções ocorreram em 16 de fevereiro, durante a Operação Salve Geral, resultado do inquérito aberto pela Deic para investigar os atentados em SC.

Dos 97 investigados, entre autores e mandantes dos ataques, 41 foram presos e 40 já estavam detidos. Permanecem foragidos 16 suspeitos. Dos que foram presos, estão cinco advogados investigados de servirem como “pombo-correio” da facção.

O inquérito de cerca de 1.500 páginas é presidido por Procópio Batista da Silveira Neto, delegado do Grupo de Diligências Especias (GDE) da Deic.

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Entre os argumentos do delegado Procópio para pedir a renovação das 97 prisões temporárias estão a realização de mais diligências para prender os foragidos, a grande quantidade de informações do inquérito policial que já atingiu seis volumes, a espera pela conclusão dos laudos periciais.

Outros argumentos são a necessidade de conclusão da participação exata de cada um dos suspeitos e a realização de parte dos 81 interrogatórios que ainda não foram feitos.

Na semana passada, o presidente do inquérito interrogou 23 suspeitos na Penitenciária Federal de Mossoró (RN).

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– Sem falar ainda na investigação anterior que levou a prisão dessas pessoas e que precisamos concluir dentro desse prazo também. Muitos relatórios das provas ficaram para ser concluídos durante esse prazo da temporária. Tendo em vista a necessidade de botar a operação o mais rápido possível em andamento, ficou muita coisa que nós nos comprometemos a entregar depois de iniciada a operação porque precisava dar uma resposta, tirar essas pessoas de circulação – observou o delegado.

Inquéirto deverá ser concluído antes de 30 dias

A expectativa da Deic é concluir o inquérito antes dos novos 30 dias concedidos pelo judiciário. O delegado Procópio admite a possibilidade de suspeitos serem indiciados por todos os ataques.

– Cada caso será analisado individualmente. Vamos verificar exatamente qual foi a participação de cada um para que cada um responda somente pelos crimes que se viu envolvido – disse Procópio.

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De acordo com um dos coordenadores do inquérito, delegado Antônio Seixas Joca, os suspeitos são ivestigados pelos crimes de dano ao patrimônio público, incêndio, formação de quadrilha, tráfico e associação ao tráfico de drogas, corrupção de menores.

Entre as provas coletadas pela Deic até agora estão informações em computadores e celulares apreendidos, cartas, cadernos de contabilidade e anotações, drogas e armas.

O presidente do inquérito não descarta pedir a conversão de prisões temporárias em preventivas, até para evitar novos ataques.

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– Se nos autos ficar demonstrado que existe a possiblidasde de algum suspeito, em liberdade, voltar a praticar delitos, vamos nos manifestar pela necessidade dele continuar a ficar preso preventivamente. Se não houver, responde em liberdade, se estiver em liberdade – concluiu Procópio.

Presidente do inquérito que investiga a segunda onda de ataques em SC, o delegado Procópio Neto esteve semana passada com outro delegado e dois escrivães na Penitenciária Federal de Mossoró (RN) para interrogar 23 suspeitos. Confira a entrevista.

Diário Catarinense _ Como e onde foram os interrogatórios? O que o senhor achou da Penitenciária Federal de Mossoró?

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Procópio Neto _ Duraram em média uma hora. Foram disponibilizadas duas salas para nós pelo diretor. As regras da penitenciária são muito rígidas. Dá até gosto de ver. Não deixa nada a desejar para qualquer estabelecimento prisional de Primeiro Mundo. É muito organizado, limpo e seguro. As regras da Lei de Execução Penal (LEP) são cumpridas à risca.

DC _ Os presos falaram algo além do interrogatório? Fizeram algum pedido

Procópio _ Alguns se mostraram insatisfeitos de estar lá. Outros alegavam que preferiam estar lá. Todos disseram que ali é muito mais rígido. Que por um aspecto é mais difícil por estar longe da família, mas por outro lado falaram que há organização e que os requisitos da LEP, talvez não observados dentro do sistema prisional estadual, dá garantias a eles lá. É um preso por cela só, tem hora para sair ao pátio, para voltar, para se alimentar, ler, praticar exercícios. Há uma regra de tratamento entre agentes penitenciários federais e os detentos que é observada. Não vi ali qualquer desvio de conduta, seja de qualquer uma das partes. É uma coisa muito organizada.