Menos de 24 horas depois da prisão de dois homens suspeitos de participarem da chacina na Costeira, na noite de quarta-feira, em Florianópolis, a Justiça decidiu soltá-los nesta quinta-feira por falta de requisitos mínimos de autoria, ausência de laudo cadavérico e deficiência na apuração policial. A decisão de relaxar a prisão em flagrante de Fernando Varela Zancheta, o Xadrez, e Ricardo Collin Gonçalves, o Gringo, saiu à tarde em audiência de custódia no Fórum da Capital.

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Segundo o despacho judicial a que o Diário Catarinense teve acesso, os dois foram colocados em liberdade porque não havia provas e indícios suficientes de autoria dos crimes de homicídio qualificado e associação criminosa nas informações levadas pela polícia, conforme entendeu a juíza Erica Ferreira. No despacho, a magistrada cita também a ausência de representante do Ministério Público na audiência. O DC entrou em contato com a juíza, mas ela não quis dar entrevista.

Os dois homens estavam em um Zafira estacionado na Costeira e haviam sido presos por supostamente dar apoio aos criminosos que subiram o morro e praticaram as mortes de três pessoas a tiros – outras três vítimas foram feridas e estão hospitalizadas.

Ouvidos na audiência, eles negaram qualquer participação nos crimes. Fernando disse que estava na Costeira para buscar o amigo Ricardo, que lhe telefonara pedindo para buscá-lo e levá-lo a São José. Fernando afirmou ainda que estavam no local da prisão observando a movimentação da polícia e ambulâncias. Já o amigo disse que pediu uma carona, pois tinha emprestado o carro dele, um Peugeot, onde foi encontrada uma arma pela polícia – Ricardo assumiu a propriedade da arma alegando que a comprou para defesa própria, pois sofrera tentativa de homicídio há duas semanas.

“Por fim, não há nos autos prova da materialidade (exame/laudo cadavérico/corpo de delito) nem notícia acerca do envio do material apreendido para exame balístico. A investigação policial não foi satisfatória e a justiça, por mais que compreenda a precária situação em que se encontram as penitenciárias e polícias civil e militar, não pode chancelar provas fracas que poderiam ser fortalecidas com mais investigação, a fim de identificar o verdadeiro responsável pelo delito”, escreveu a juíza, destacando que cabe aos agentes da lei realizarem uma investigação mais profissional, com suporte probatório suficiente a ensejar a prisão em flagrante.

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Marcelo Pontes, comandante da Polícia Militar, preferiu não comentar a soltura dos suspeitos. Já o delegado Verdi Furlanetto, da Polícia Civil, declarou:

— Qualquer decisão de magistrado deve ser cumprida e respeitada, independente de qualquer ponto de vista desta ou daquela parte.

Colaborou Simone Feldmann