Está cada vez mais polêmico o escândalo do sumiço do dinheiro da Câmara de Vereadores de Curitibanos, na Serra Catarinense, descoberto no fim do ano passado quando dois cheques do Legislativo foram devolvidos pelo banco por saldo insuficiente.
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Na tarde desta terça-feira, a Polícia Civil cumpriu ordens da Justiça e prendeu um vereador e afastou o presidente e a diretora da Câmara. Os três são investigados por suspeita de participação no esquema que, segundo a CPI criada para apurar o caso, teria resultado no desvio de R$ 1 milhão nos últimos quatro anos.
Com mandados judiciais, o delegado Egídio Ferrari prendeu o vereador Valdeci Garcia (PMDB), que ocupou a presidência da Câmara em 2011. A suspeita é de que Valdeci estaria intimidando testemunhas ouvidas durante a investigação, já que o delegado constatou que várias delas teriam mentido nos depoimentos.
Valdeci foi preso na rua e ficará na penitenciária de São Cristóvão do Sul, vizinho à Curitibanos. Na Câmara, o delegado afastou da função o atual presidente, Osni Righes (PDT), vice de Valdeci no ano passado, e a diretora Josette Ivana Almeida Closs. Ambos foram afastados dos cargos, mas Osni continua como vereador. Até o fim da tarde, não havia sido definido quem responderá pela presidência.
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– O vereador Valdeci pedia para algumas testemunhas mentirem em seus depoimentos e, por isso, foi preso. O atual presidente e a diretora foram afastados porque, nas investigações, eu preciso de documentos da Câmara. Mas os dois têm livre acesso a tudo, e como são suspeitos de envolvimento no caso, não posso correr o risco de receber coisa errada – diz o delegado.
A polícia ouvirá novamente as testemunhas que ele acredita terem mentido. Se estas pessoas mudarem suas versões até a conclusão do processo, não terão prejudicado as investigações e não serão punidas. Caso contrário, responderão na Justiça por falso testemunho. A CPI instalada em fevereiro para apurar o sumiço do dinheiro foi prorrogada até agosto.
Segundo o presidente da CPI, vereador Flaris Camargo (PSDB), foram comprovados desvios de R$ 1 milhão, sendo R$ 700 mil só em 2011. O valor total dos desvios, porém, pode ser muito maior, já que todos os cheques emitidos pela Câmara desde 2000 serão analisados individualmente, e até agora, a CPI só teve acesso aos desde 2007.
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Contrapontos
JOSETTE IVANA A. CLOSS
Por telefone, a diretora da Câmara disse que está de licença-prêmio e que tem mais cinco meses de benefício. Porém, deixou claro que o seu cargo é concursado há 15 anos, e não comissionado. Assim, entende que, se estivesse na ativa, poderia ficar impedida de assinar cheques, mas não de exercer o seu trabalho. Ela entende o seu afastamento como normal dentro das investigações pelo fato de sempre ter assinado os cheques, mas diz que apenas cumpria ordens e que já teve os sigilos fiscal e bancários abertos, sem nenhuma irregularidade constatada.
VALDECI GARCIA
A reportagem do DC insistiu para conversar com algum advogado ou assessor de Valdeci Garcia na Câmara de Curitibanos, mas a informação foi a de que ele não tem assessor e de que ninguém tinha os contatos do advogado ou qualquer outra pessoa próxima ao vereador. Das 17h às 20h30min, a reportagem ligou para o celular de Valdeci por três vezes, deixou recado na caixa postal e enviou mensagem de texto, mas ninguém atendeu ou retornou às ligações.
OSNI RIGHES
Por telefone, o presidente da Câmara destacou à reportagem que o seu afastamento foi apenas da função de presidente, até porque ele assinava cheques da Câmara, mas continua exercendo o cargo de vereador. Também garantiu que, durante o mandato, não há nada que possa incriminá-lo. Sobre a decisão judicial de afastá-lo da presidência, disse que preferia não se manifestar. Ele iria conversar com os seus advogados e que seria prematuro dar mais declarações.
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