Um tribunal militar egípcio condenou nesta terça-feira 52 membros da Irmandade Muçulmana, um deles à prisão perpétua, por terem agredido militares em agosto em Suez depois da dispersão sangrenta no Cairo dos partidários desta confraria, à qual pertence o presidente islamita destituído.
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Além dessas penas, o tribunal militar de Suez condenou outros 45 membros e partidários da Irmandade Muçulmana a cinco anos de prisão e absolveu oito pessoas. São as primeiras condenações de membros da confraria desde que o exército destituiu e prendeu o ex-chefe de Estado, Mohamed Mursi, em 3 de julho.
Seu Guia Supremo, Mohamed Badie, e vários de seus principais dirigentes respondem atualmente ante a justiça pela morte de manifestantes, enquanto que Mursi permanece preso num local secreto.
Nesta terça, oito combatentes islâmicos foram mortos em ataques militares aéreos no Sinai do Norte, onde grupos radicais multiplicaram os ataques contra as forças de ordem.
Segundo autoridades egípcias, esta “é a maior operação aérea no Sinai”.
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O dia 14 de agosto foi o mair mortal da história recente do país, com centenas de islamitas mortos. Esta repressão inflamou o país, provocando distúrbios principalmente em Suez.
Os islamitas julgados são acusados de jogar pedras nos soldados.
Trata-se das primeiras condenações pronunciadas contra membros da Irmandade Muçulmana, que convocaram nesta terça uma manifestação em massa para denunciar o golpe de Estado contra Mursi.
O Exército e a polícia mobilizaram veículos blindados nos arredores de duas praças emblemáticas da capital: Tahrir, epicentro da revolta de 2011, e Rabaa al-Adawiya, palco em 14 de agosto da dispersão sangrenta dos manifestantes pró-Mursi.
Os islamitas têm tido dificuldades para se mobilizarem, porque as autoridades nomeadas pelos militares lançaram uma vasta campanha de repressão. Mais de 1 mil pessoas, em sua maioria pró-Mursi, morreram desde meados de agosto, e cerca de 2 mil membros da confraria foram detidos.
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A Irmandade Muçulmana parece ter retornado à clandestinidade, após ter vencido as eleições legislativas e presidências realizadas nos últimos dois anos após a revolta popular que derrubou Hosni Mubarak no início de 2011, após três décadas de reinado sobre o mais populoso dos países árabes.
Além disso, a justiça egípcia ordenou nesta terça-feira o fechamento definitivo de quatro emissoras de televisão, incluindo a filial da Al-Jazeera – Al-Jazeera Mubasher Misr – e o canal da Irmandade Muçulmana, Ahrar 25.
Duas outras emissoras, Al-Quds e Al-Yarmouk, consideradas como próximas ao movimento islâmico, também foram proibidas de trabalhar no dia seguinte ao fechamento determinado pela justiça da Al-Hafez, cujos apresentadores provocaram a irã dos cristãos coptas e dos liberais por seu discurso virulento.
A transmissão da Ahrar 25, assim como a de vários outros canais islâmicos, foi interrompido em 3 de julho, após a exibição de um vídeo em que Mursi se dizia o único presidente “legítimo” do Egito logo após a destituição pelos militares.
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Domingo, três jornalistas independentes estrangeiros trabalhando para a emissora qatari em língua inglesa foram expulsos do Egito, enquanto que os escritórios da Al-Jazeera Mubasher Misr foram vasculhados pela polícia que apreendeu material.
As autoridades e os meios de comunicação acusam a Al-Jazeera de cobrir de maneira parcial os eventos sangrentos que seguiram a destituição de Mursi. Essa acusação se estendeu a toda imprensa estrangeira.