A Justiça do Distrito Federal determinou que os condenados do mensalão recebam, no presídio da Papuda, o mesmo tratamento dado aos demais presos. Na decisão, os juízes da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal afirmam que o tratamento desigual provoca instabilidades no sistema carcerário.
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Desde que foram presos, os réus do mensalão puderam receber visitas fora no horário normal de visitações e chegaram, conforme documento do Ministério Público, a receber pizzas encomendadas pela Polícia Federal.
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Os juízes da Vara de Execuções determinaram, ainda, que Simone Vasconcelos, ex-diretora da empresa SMPB, e Kátia Rabelo, ex-presidente do Banco Rural, sejam transferidas para o presídio feminino para cumprirem suas penas. As duas estão presas no 19º Batalhão da Polícia Militar no Complexo da Papuda, área reservada para presos militares.
O tratamento dispensado aos condenados do mensalão foi criticado pelos parentes de demais presos, que passam um dia na fila para conseguirem visitar seus parentes. E um documento feito pelo MP, que inspecionou o local em que o ex-presidente do PT José Genoino está preso, mostrou que a PF chegou a pedir pizza “tarde da noite” no dia em que os mensaleiros foram presos.
“Penso que não há qualquer justificativa para que seja dado a um interno/grupo específico tratamento distinto daquele dispensado a todos os demais reclusos, valendo consignar que é justamente a crença dos presos nesta postura isonômica por parte da Justiça do Distrito Federal que mantém a estabilidade do precário sistema carcerário local”, decidiram os juízes Bruno André Silva Ribeiro, Angelo Pinheiro Fernandes de Oliveira e Mário José de Assis Pegado, que não mencionam expressamente o grupo de condenados por envolvimento no mensalão.
O titular da Vara, Ademar Silva de Vasconcelos, não assina a decisão. Suas decisões e postura desagradaram o presidente do STF, Joaquim Barbosa. O tratamento diferenciado só teria justificativa, dizem os magistrados, se fosse possível admitir a existência de dois grupos de seres humanos: “um digno de sofrer e passar por todas as agruras do cárcere e, outro, o qual deve ser preservado de tais efeitos negativos, o que, evidentemente, não é legítimo admitir”.
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Os juízes acrescentam ainda que a VEP estenderá “a todos os presos do sistema prisional local eventuais direitos, garantias ou regalias concedidas por ato administrativo, formal ou não, a determinado sentenciado ou grupo de apenados , especialmente no que se refere a regras de visitação e alimentação”.
A decisão da Vara de Execuções Penais decorre de manifestação do Ministério Público do DF, que fez uma inspeção nos dias 25 e 26 de novembro. Nessa inspeção, o MP afirma que foi possível constatar o “clima de instabilidade e insatisfação”, constatado nas entrevistas com servidores e internos.
De acordo com documento do MP, uma das razões da vistoria foi a divulgação de notícias de que presos estavam recebendo tratamento diferenciado, especialmente para receber visitas. O MP lembra o horário de visitas é de 9h às 15h, às quartas e quinta-feira. Além disso, os visitantes precisariam se cadastrar previamente e não poderiam adentrar o presídio portando bilhetes, por exemplo.
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