Juçara Marçal e Kiko Dinucci evocarão a africanidade brasileira em show gratuito no Centro de Florianópolis, neste domingo (30), na rua Victor Meirelles às 16h. Organizado pela produtora Casa de Noca e pelo bar Bugio, os artistas querem preencher o espaço urbano com cultura independente.
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As canções do álbum Padê (2008), que será apresentado, são terrenas para os artistas. No entanto, elas tem influências estéticas da religião de Kiko e da ancestralidade de Juçara, que “é uma coisa que a gente vive, que está presente em nossas vidas”, diz ela.
— O Kiko é bem mais iniciado na religião. Eu não sou iniciada, mas tenho um encantamento pelas religiões de matriz afriacana. É uma coisa que você vive e cultiva. Faz parte do dia a dia você pensar e rezar para os orixás.
— Não temos uma inspiração divina. É uma inspiração terrana. A Juçara tem uma ligação com a cultura negra de todo o país — explica Kiko.
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As inspirações deles são amplas e percorrem as cantigas de terreiro, passando pelo compositor de música de concerto John Cage, com pulos na cantora espanhola Rosalía e ritmos do Congo e da Mongólia, formando um misto disforme entre tradição e vanguarda. Nesta tarde, eles estarão sozinhos no palco, voz e violão.
— E um coro! E um coro… — brinca Jussara estampado um sorriso.
Eles irão tocar, com certeza, as primeiras músicas do álbum em conjunto deles, como São Jorge e Machado de Xangô, mas “o resto é surpresa”.
— A gente começou a fazer esse show em 2018, em comemoração ao lançamento do vinil de Padê, que aconteceu 10 anos após a estreia do álbum — conta Juçara.
Os dois são amigos que possuem uma parceria artística intensa. Kiko frequentemente produz álbuns de Jussara, que, quase sempre, participa dos trabalhos solo dele.
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— Penso na Jussara em várias ocasiões. Tem canções que na hora entendo que são para a voz dela. A gente tem uma afinidade, uma intimidade, que faz como que a gente se encaixe perfeitamente.
Indicados ao Grammy, eles subirão no palco do C6 Fest, que acontecerá em São Paulo (SP) entre 19 e 21 de maio, para homenagear grandes nomes da música popular brasileira. A apresentação terá participações de artistas como Arnaldo Antunes e Tulipa Ruiz.
Ambos possuem parcerias históricas com outros músicos importantes do Brasil. Kiko foi o compositor da canção Coração Bifurcado, que deu o nome do álbum de Jards Macalé lançado em 28 de abril deste ano.
— O Jards me pediu para compar uma música e me passou o briefing: “tem que ser de amor”. E eu respondi “pô, eu escrever uma música de amor?!” — lembra aos risos — “Faz do seu jeito, alguma coisa de Exu, de Zé Pilintra”, me disse o Jard. Aí eu pensei em uma malandragem ali da Lapa, no Rio de Janeiro. “Um amor faz sofrer / Dois amô’ faz chorar”.
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*Sob supervisão de Raquel Vieira
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