A tão sonhada combinação de juros mais baixos e dólar mais alto pelos empresários brasileiros chegou em um momento no país em que surte pouco efeito sobre a atividade industrial, na avaliação do gerente de política econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco.

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– Grande parte desse ambiente doméstico macroeconômico positivo reflete um ambiente externo adverso, e acaba não compensando – considerou.

O economista ressaltou que o dólar a R$ 2,00 produz pouco efeito sobre a atividade doméstica, pois há excesso de produção de manufaturados no mundo, em especial dos países da Ásia.

– Nossa demanda termina vazando para os produtos estrangeiros – disse. Por isso, para ele, o mais importante para o setor neste momento é o aumento da competitividade dos produtos brasileiros. – O custo de produzir no país é crítico para conseguirmos um crescimento mais vigoroso – afirmou.

Castelo Branco salientou que a indústria está trabalhando a patamares inferiores do que há 12 meses e que os estoques permanecem em patamares elevados há mais de um ano.

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O economista acredita que a mudança no câmbio deve ter impacto sobre a economia brasileira, mas é defasado. De acordo com ele, a projeção de crescimento do PIB de 2,1% da CNI já leva em consideração uma reação da economia no segundo trimestre causada, entre outros fatores, pelo dólar mais favorável. Essa defasagem ocorre, conforme o especialista, porque grande parte das encomendas é contratada com antecedência e as entregas que estão sendo feitas agora ainda refletem o patamar anterior da moeda.

– O câmbio demora para trazer impactos, mas é um fator que deve ter efeito adicional – previu.