Com os produtores sem o mesmo entusiasmo do ano passado para irem às compras, a Expointer 2014 fechou com um volume potencial de negócios de R$ 2,729 bilhões, 17,1% abaixo do verificado em 2013. A retração nas vendas atingiu máquinas e animais, enquanto artesanato e agroindústria familiar registraram avanço.

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O desempenho inferior à edição anterior, porém, não tirou o brilho da feira, contemplada com a visita dos três principais candidatos à Presidência da República em busca de aproximação com o agronegócio. Para a organização, a diferença foi que ano passado a comercialização disparou pela oportunidade de juros mais baixos, preços mais remuneradores da soja à época, economia nacional mais aquecida do que agora e ausência de incertezas, como a aproximação da eleição.

– Mesmo assim foi um resultado espetacular. Ano passado é que foi um ponto fora da curva – avaliou o secretário estadual da Agricultura, Claudio Fioreze.

Modalidade utilizada para a compra de máquinas agrícolas, o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) teve ano passado o juro reduzido para 2,5% às vésperas da Expointer. Agora, está em 4,5%, o que ajudou a arrefecer o ímpeto dos agricultores. Com isso, os pedidos de financiamento do setor somaram R$ 2,7 bilhões, queda também de 17% na comparação com 2013. Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers), Claudio Bier, os números são considerados positivos devido à anormalidade do ano passado.

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– Mas o produtor deve aproveitar este juro agora. Vamos ter eleições, e isso pode mudar ano que vem – alerta Bier.

Um dos destaques foi novamente o setor de irrigação. Foram 560 propostas recebidas, no valor de R$ 208 milhões. Caso os negócios se concretizem, terão o potencial de garantir água para 31,7 mil hectares.

Nos animais, as vendas chegaram a R$ 12,4 milhões, cifra 22% inferior ante a última edição devido à presença menor de exemplares colocado para a comercialização. O presidente da Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac), Eduardo Finco, lembra que, por outro lado, os valores médios dos animais arrematados foram cerca de R$ 2 mil acima do ano passado.

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– Os produtores não vêm à Expointer para ganhar dinheiro. Isso ocorre depois, nas feiras no interior. A Expointer é a vitrine para expor o que temos de melhor na genética – avaliou o vice-presidente Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Gedeão Pereira.

Redução do número de animais preocupa

A queda da presença dos animais nas últimas edições da Expointer é um ponto de preocupação dos organizadores, que agora começam a pensar formas de reverter a tendência. Este ano foram 3.724 exemplares no Parque de Exposições Assis Brasil, 9% abaixo de 2013 e 18% na comparação com 2012.

Para o presidente da Febrac, Eduardo Finco, o problema está relacionado principalmente ao aumentos dos custos, tanto de mão de obra para preparação dos animais quanto de frete. O período de economia desaquecida, avalia o dirigente, também contribui.

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– Muitas vezes, se fica até 15 dias fora de casa. Trazer toda a estrutura da fazenda para cá é caro – explica Finco.

Para tentar contornar a situação, a entidade vê a necessidade de algum tipo de fomento governamental às cabanhas produtoras de genética. Outra possibilidade, avalia, seria um subsídio ou patrocínio para o transporte dos animais das propriedades até Esteio, que poderia ser pago na forma de publicidade.

Neste ano, a safra cheia não foi suficiente para turbinar os negócios (dados em R$ milhões)

Total

2010 843,35

2011 848,719

2012 2.036

2013 3.292,548

2014 2.729,022

-17,1%

Máquinas agrícolas*

2010 827,5

2011 834,7

2012 2.020

2013 3.274

2014 2.713,25

-17,1%

Animais

2010 14

2011 11,719

2012 13,735

2013 16,063

2014 12,419

-22,7%

Artesanato

2010 1,05

2011 1,25

2012 1,005

2013 0,980

2014 1,4

42,8%

Agroindústria familiar

2010 800

2011 1,050

2012 1,269

2013 1,505

2014 1,953

29,8%

*Os números das máquinas se referem a propostas de financiamento que, depois, podem não se concretizar

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