Na iminência de nova alta na taxa básica de juro, investimentos em letras de crédito, Tesouro Direto e CDBs ampliam a vantagem em relação à poupança. Ao contrário do ano passado, 2014 deve ser um ano em que vencer a inflação nas aplicações será mais fácil.

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O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne nesta terça e quarta-feira para definir o nível da Selic, atualmente em 10% ao ano. O mercado divide suas fichas em duas projeções: alguns analistas apostam em alta de 0,25 ponto percentual e outros em 0,5 ponto, opção que ganhou força após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) anunciar, na sexta-feira passada, inflação de 5,91% no ano passado, acima das expectativas.

– A cada elevação da Selic, investimentos que usam os juros como referência ficam mais atraentes – afirma Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

Na cola da trajetória de alta da Selic, a remuneração de aplicações em renda fixa têm melhorado nos últimos 12 meses. Em janeiro de 2013, o juro básico estava em 7,25%, três pontos percentuais abaixo do que poderá chegar nesta quarta, se as previsões mais moderadas se confirmarem. Há um ano, quem investia R$ 1 mil em CDB oferecido por um banco resgatava R$ 1.052,47 após 12 meses, alta de 5,2%, incapaz de vencer a inflação no período. Com uma Selic de 10,25%, essa aplicação vai a R$ 1.073,47, ganho de 7,35%. A expectativa do mercado para a inflação em 2014 é de 6%.

– A dica é: saia logo da poupança, cujo ganho se mantém o mesmo enquanto o juro sobe. Tesouro Direto e fundos pagam mais, e são relativamente simples de investir – diz o consultor financeiro Mauro Calil.

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Conforme Calil, é preciso estar atento às taxas cobradas pelos bancos nos fundos de renda fixa – em geral, são atraentes até 1%, depois disso, corroem fatias exageradas do ganho. Em CDBs e letras de crédito agrícola (LCA) e imobiliário (LCI), a recomendação é analisar o percentual do CDI (indicador que acompanha a Selic) que será pago. Nas letras, esse percentual pode ser menor, mas há a vantagem de isenção de Imposto de Renda.

– Antes de tudo, é preciso ter em mente quanto se quer investir, por quanto tempo e com qual objetivo. Então será mais fácil saber qual a melhor aplicação – sugere Calil.

Como foi em 2013

Dólar avançou mais entre as principais aplicações e indicadores de referência

Dólar comercial: 15,3%

Fundos DI*: 8,11%

Fundos renda fixa*: 6,80%

Poupança antiga: 6,34%

Inflação (IPCA): 5,91%

Poupança nova**: 5,73%

Ibovespa: -15,49%

Ouro: -17,35%

*Com taxa de administração abaixo de 1%.

**Acionada para novos depósitos com taxa Selic igual ou menor do que 8,5%. Regra adotada até fim de agosto, quando o juro básico subiu para 9%.

Fontes: Anbima, BM&FBovespa e IBGE

Perspectiva desfavorável para a bolsa de valores

Uma nova elevação na taxa básica de juro deverá atravancar ainda mais o mercado de capitais, analisa Celson Placido, sócio da XP Investimentos. Além de levar mais investidores à renda fixa, em busca de remuneração mais elevada e segura, a decisão tende a jogar um balde de água fria no crescimento econômico, prejudicando os negócios – e as ações – de empresas brasileiras.

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– Nosso olhar para a bolsa, em geral, permanece pessimista. Alguns setores até poderão se valorizar em 2014, principalmente em razão da Copa do Mundo, mas outros, como o varejo e o imobiliário, sofrerão com a alta do juro – analisa Placido.

Conforme o especialista, o financiamento para compras a prazo ficará mais caro com a alta na Selic, desestimulando o consumo, o que afeta o faturamento de companhias. As maiores oportunidades de ganho, conforme a XP, estão em empresas que se beneficiarão com gastos de turistas na Copa, como operadoras de cartões de crédito.

A XP projeta alta de 0,5 ponto percentual nesta reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, e outra alta de 0,25 ponto percentual na próxima, mantendo a Selic em 10,75% ao ano pelo menos até as eleições.

O consultor financeiro Mauro Calil afirma que fundos ligados à bolsa precisariam obter rendimento de 15% no ano para serem atraentes ao investidor, percentual do qual se desconta Imposto de Renda e taxa de administração. Dessa forma sobraria um ganho líquido de aproximadamente 12%, acima da média da renda fixa.

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